BSPF - 24/10/2020
Eles criaram uma escola de governo comum para formar líderes
e melhorar a governança no setor público
Para o coordenador da Frente Parlamentar Mista da Reforma Administrativa, deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), o Brasil pode aperfeiçoar o seu sistema de formação de servidores públicos no sentido de formar líderes que atuem na inovação do setor. Para isso, a frente e a Secretaria de Relações Internacionais da Câmara dos Deputados chamaram representantes do governo australiano e neozelandês para uma audiência virtual. Eles criaram uma escola de governo comum para formar líderes e melhorar a governança no setor público.
O secretário de Relações Internacionais da Câmara, deputado Alex Manente (Cidadania-SP), que promoveu o evento, disse que ouvir outros países é fundamental para ampliar a visão sobre a questão da reforma administrativa no Brasil.
Políticas de gestão
Para Mitraud, falta ao País aprimorar a gestão de pessoas no serviço público. Ele ressaltou, porém, a qualidade da Escola Nacional de Administração Pública. "O próprio governo federal tem uma escola de administração pública muito qualificada, a Enap, mas faltam políticas de gestão de pessoas para formação de lideranças no serviço público, faltam critérios mais objetivos e técnicos para seleção dessas lideranças, acompanhamento dessas lideranças em critérios de resultados.”
Mitraud sugeriu a criação de um órgão central para a gestão
do serviço público no Brasil para evitar disparidades no recrutamento e
influência política. Essa agência, segundo ele, estabeleceria critérios para a
abertura de vagas, diretrizes de seleção, avaliação de desempenho e fixação de
boas práticas.
Formação
O reitor da Escola de Governo da Austrália e da Nova Zelândia, Ken Smith, disse que a instituição tem parcerias com 15 universidades dos dois países. A cada ano, segundo ele, são selecionados 100 servidores para um mestrado que tem foco no funcionamento do governo como um todo. Também há a formação de lideranças e o intercâmbio com profissionais do setor privado. Os representantes dos dois países afirmaram que não existem indicações políticas para os cargos de gestão. Os governos apenas fixam os resultados que querem, mas sem se referirem a pessoas específicas para executar as tarefas.
Patrick Hetherington, primeiro comissário da Comissão Australiana de Serviço Público, disse que a pandemia da Covid-19 acelerou uma ideia de tornar o serviço público mais flexível, transferindo pessoas para áreas em que haja mais demanda. Ele disse que na pandemia cerca de 2.500 servidores tiveram que ser recrutados para atuar em novos serviços. O objetivo agora é tornar essa mobilidade rotineira.
Na Nova Zelândia, o conselheiro-chefe de Política da Comissão de Serviço Público, Rodney Scott, disse que a gestão do setor no país é bastante descentralizada. Ele ressaltou que a contratação de servidores é feita com base nas habilidades dos interessados e os anúncios de vagas são feitos de maneira ampla em agências de empregos.
Os representantes dos dois países afirmaram que fazem pesquisas com a população sobre a satisfação com os serviços oferecidos pelo governo.
Fonte: Agência Câmara de Notícias