Terra - 06/03/2021
Após o governo enquadrar professores da Universidade Federal
de Pelotas (UFPel) que criticaram a atuação do presidente Jair Bolsonaro na
pandemia, o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) disparou um
ofício a diretores do órgão informando que a divulgação de estudos e pesquisas
antes de "conclusão e aprovação definitiva" pode configurar infração
disciplinar, sujeita a punição. O documento está sendo chamado por servidores
do instituto de "ofício da mordaça".
O ofício é assinado pelo presidente do Ipea, Carlos Von Doellinger, escolhido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda na campanha de 2018 para comandar o instituto. Enviado na última quinta-feira, 4, aos diretores, o documento despertou reação negativa no corpo técnico, que vê na medida uma tentativa de obter um nível de controle "pouco usual" sobre as publicações.
O ofício foi visto como uma tentativa de coibir publicações de estudos com conteúdo mais crítico a políticas governamentais ou que mostrem resultados distintos do que gostaria a atual gestão. Na avaliação de servidores ouvidos reservadamente pelo Estadão/Broadcast, há o temor de que o episódio transmita a mensagem de que o Ipea agora só vai publicar estudos "chapa-branca", ou seja, alinhados ao governo, o que arranharia a credibilidade e a relevância do órgão.
Embora tenha em seu histórico episódios polêmicos envolvendo
suspeitas de ingerência política, servidores do Ipea consideram que o corpo
técnico é plural em termos de campos de pesquisa e...
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antes de 'aprovação definitiva'