terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O que esperar de 2012



Làzaro Guimarães
Correio Braziliense      -      03/01/2012







Sem recorrer aos búzios, aos astros ou às cartas, mas com base apenas nas tendências extraídas da análise dos acontecimentos do ano que passou, é possível fazer prognósticos para 2012, no Brasil e em algumas partes do mundo.

Aqui, este mês já determinará mudanças expressivas na área administrativa, com a saída de ministros e secretários para disputar as eleições municipais. Esse processo envolverá acertos e atritos que ocuparão por bom tempo o noticiário político.

A Câmara Federal terá que encontrar um meio de os deputados, envolvidos nessas querelas e de olho na campanha eleitoral, discutirem e aprovarem o projeto de novo Código de Processo Civil, aprovado às pressas pelo Senado em 2009. Mas não é só isso, porque servidores federais de diversas categorias e os aposentados da Previdência Geral estarão pressionando fortemente pela revisão de subsídios, vencimentos e proventos, alguns congelados há mais de cinco anos. Num ano sensível, mas acossados pela persistente crise econômica global, os parlamentares terão que fazer milagre de multiplicação.

O Supremo Tribunal Federal terá, a partir de fevereiro, que descascar três abacaxis, com brevidade: a definição de competência disciplinar doConselho Nacional de Justiça, se concorrente ou subsidiária; a validade da lei de ficha limpa, para que seja aplicada já nos registros de candidatos pela Justiça Eleitoral; e o processo criminal do mensalão. Em todos esses casos, é provável que prevaleça posição moderada de interpretação constitucional, atenta ao interesse público, mas sem ceder às pressões da mídia.

Na Europa, embora interesse aos bancos privados, detentores de títulos públicos, a manutenção do sistema atual, é possível que se inicie a desmontagem do euro, restabelecendo-se os padrões monetários nacionais. Isso porque já não se equilibram as situações financeiras de países de alto endividamento, como Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda, com índices que superam os 30% do Produto Interno Bruto, outros, como a Itália e a França, no limite arriscado de 20% a 30% de comprometimento, e os paÍses pouco endividados, como Finlândia e Áustria (menos de 8%), ou os países credores, como Alemanha, Holanda, Luxemburgo e Bélgica.

A proposta em discussão é de recriação das moedas — franco, marco, escudo, dracma, etc. — atreladas a um valor correspondente em euro durante certo período em que a União Europeia adotaria o câmbio pré-fixado, de acordo com cada economia nacional, até a normalização geral e o retorno à liberdade cambial.

Os Estados Unidos começam a assistir às prévias do Partido Republicano para escolher entre Newt Gringrich e Mitt Romney o adversário do presidente Barack Obama no pleito de novembro. O eleitorado americano terá então a tarefa de escolher entre a continuidade do tímido processo de estabilização democrática e recuperação econômica e o retorno ao conservadorismo caucasiano.

As Américas do Sul e Central e o México aceitaram em dezembro e terão que definir no primeiro semestre deste ano os rumos da nova entidade internacional constituída para promover a integração regional deslocada de eixos ideológicos. Se o projeto der certo, teremos um mercado ampliado, unindo economias como as do Brasil, México, Venezuela, Chile, Uruguai e Argentina, independentemente das posições políticas dominantes nos respectivos países.

Impossível esquecer o futebol e, nesse campo, apagar a lembrança do baile de Tóquio, em que o talento e a organização catalã motivaram a humilhação da midiática e carnavalesca equipe de Neymar. Os campeonatos estaduais, as copas Libertadores e Sul-Americana e, sobretudo, o Campeonato Brasileiro, a dois anos da Copa do Mundo de 2014, terão que representar correção de rumos da organização dos nossos clubes.





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