Agência Brasil
- 09/02/2012
Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia
(PT-RS), explicou hoje (9) por que recuou da decisão de convocar a sessão
extraordinária para votar a proposta que cria a Fundação de Previdência
Complementar dos Servidores Públicos Federais (Funpresp), prevista para ontem
(8). Segundo ele, não havia acordo entre a base aliada e a oposição e até mesmo
entre os partidos governistas. A convocação contrariava inclusive orientação do
Palácio do Planalto, preocupado com a divergência sobre o tema.
Perguntado se havia telefonado para a ministra de Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, para tratar do assunto, Maia disse que não é
obrigado a acatar todas as orientações do Executivo. “Não liguei [para a
ministra Ideli Salvatti], isso cabe ao líder do governo, cabe às lideranças da
Casa fazer esse contato com o governo. De mais a mais, vocês sabem quem tenho
conduzido a Câmara da forma mais democrática possível. Escuto os líderes,
procuro compor todas as votações, não me submeto às pressões do governo, nem da
oposição, nem de setores da sociedade, embora escute a todos”, argumentou o
presidente da Câmara.
O petista ainda ironizou o debate que foi travado na sessão
de ontem, quando partidos da oposição queriam votar medidas provisórias e os
governistas não. “Houve uma grande confusão, talvez pelo fato de líderes novos
estarem chegando, a oposição defendendo a votação das medidas provisórias e o
governo não querendo votá-las para votar exclusivamente o Funpresp. Para não
aprofundar a dispersão e não permitir que entrássemos a madrugada adentro, no
primeiro dia efetivo de trabalho, optei por dar um prazo maior para discussão
da matéria”, justificou Maia.
Apesar de a decisão tomada ontem, de colocar em votação o
Funpresp mesmo sem acordo, contrariar o governo, Marco Maia negou que esteja
havendo uma crise na sua relação com o Planalto. “Tenho levado em consideração
a opinião de todos no debate. Agora, a definição da pauta, como será conduzida
a sessão e quando as pautas serão colocadas em votação são decisões do
presidente da Câmara, que tomo de acordo com as minhas convicções.”
Maia argumentou que tem ouvido todas as lideranças e disse
que voltou atrás na decisão por conta própria. “Tenho ouvido todos os líderes,
mas o fato de ouvir não significa que tenho que acatar as opiniões, muito menos
do governo. O governo tem opinião, posição, propõe, coloca sua opinião. Mas não
sou obrigado em todos os momentos acatar as opiniões do governo. Nesse caso
específico, a minha avaliação foi que não era prudente levarmos a votação no
primeiro dia de trabalho da Câmara até 3, 4 horas da manhã”, argumentou.