quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Em defesa da indústria dos concursos

Autor(es): William Douglas
Jornal do Brasil - 14/10/2009


A competentes pós falar para quase 1 milhão de pessoas que estão fazendo concursos públicos, muitos me chamam de "o guru dos concursos", atividade que frequentemente tem me levado a ser objeto de entrevistas na mídia. Além das perguntas sobre como ser aprovado, são constantes as indagações sobre a "indústria dos concursos". O jeito como se fala nela, a entonação e até as expressões faciais dão a quase certeza de que parece que é ruim haver uma tal de "indústria dos concursos".

Defender e apoiar os concursos ultrapassa o interesse individual dos candidatos – e também das pessoas que trabalham com esse público. A população, de um modo geral, já percebeu o concurso como um patrimônio do país e uma oportunidade a todos que optam por, sem depender de compadrios, ter acesso aos cargos públicos e, claro, podem assustar-se com essa "indústria", como se ela tivesse algo de nocivo.

A seleção adequada, feita pelo mérito, e não por métodos escusos (fisiologismo, laços de família etc.), é a maior garantia de: (1) que qualquer cidadão possa participar da Administração Pública, o que tem tudo a ver com uma República (re: coisa + publica = de todos); e (2) que os cidadãos serão atendidos no serviço público pelas pessoas mais capazes.

Escolher bem, treinar e valorizar o servidor público é um instrumento do aperfeiçoamento do país e dos anseios por igualdade, justiça e progresso.

Sou um entusiasta dos concursos e do serviço público.

Sim, existe uma nova indústria, e boa, a tratar desse espaço que foi criado pela instituição dos concursos públicos como forma prioritária de acesso aos cargos e empregos públicos.

As pessoas querem se preparar para as provas. E ainda bem que surgem pessoas e empresas para atender a essas necessidades. Pior era antes, onde não se podia querer estudar para concursos, pois os cargos eram preenchidos pelos amigos, parentes, cônjuges, sobrinhos, netos, cunhados, cabos eleitorais ou até por quem se dispusesse a dividir com o chefe ou autoridade uma parte – em geral considerável – da remuneração mensal a que teria direito.

A chamada "indústria dos concursos" serve aos "concurseiros", sim, mas muito mais ao país, pois aumenta o nível dos candidatos e permite que a Administração Pública selecione os melhores. Se as exigências e requisitos, se os conteúdos programáticos forem bem escolhidos, fará com que o serviço público seja cada vez melhor, em benefício do titular do Poder: o povo.

As esperanças de um país mais justo são depositadas, em boa parte, na existência de servidores competentes, dedicados e probos. Escolhêlos pelo mérito e entre o próprio povo é, para tanto, um bom começo, embora não seja, por si só, uma garantia da competência e da capacidade técnica. Se há "indústrias" que precisam acabar, são as do nepotismo, do cargo em comissão, das nomeações políticas. Pessoas incompetentes, sem compromissos, sem interesse em nada senão em aproveitar uma "teta" pública e em agradar quem o nomeou... Isso sim é a "indústria" terrível e lamentável.

Quem escreve aqui é um dos 10 milhões de brasileiros que optou pela carreira pública e que dela tem orgulho.

Orgulho de ser "concurseiro", orgulho de ser servidor. A meu ver, mais que tudo, o serviço público é uma bela carreira e, de tudo o que oferece, a oportunidade de servir ao próximo, sendo remunerado pelo governo, parece a sua mais sublime característica.

Por tudo, vida longa ao concurso público e a todos que o procuram ou que servem aos que o procuram. E, no fim, que sejamos todos, ao país, filhos úteis.


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