terça-feira, 12 de julho de 2011

Luta por reajuste expõe a guerra entre sindicatos dos servidores


Autor(es):  Cristiane Bonfanti
Correio Braziliense     -      12/07/2011





Racha põe em risco pleitos de servidor

Grupo de funcionários de nível superior do Executivo monta associação e negociará aumento de salário em separado



As negociações salariais causaram um racha entre servidores do Executivo federal e seus sindicatos. As entidades que representam a categoria reivindicam aumento geral de 78%. Mas os funcionários de nível superior querem negociar caso a caso. Por isso, já estão se mobilizando para criar uma associação e sentar-se à mesa com o governo com o intuito de negociar à parte. A divisão entre os trabalhadores ameaça até mesmo a organização da greve prevista para o mês que vem.

Toda a briga é alimentada por uma divergência entre os salários do próprio Executivo. No ano passado, cinco cargos (economista, engenheiro, arquiteto, estatístico e geólogo) foram abrangidos pela Lei nº 2.277/2010 e receberam aumento de até 78% — agora contam com salário inicial de R$ 5,4 mil e final de R$ 10,2 mil. Representantes de um total de 84 mil servidores de nível superior, em sua maioria das carreiras do Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE) e da Previdência, Saúde e Trabalho (CPST), brigam, desde então, por uma equiparação.

Com remuneração inicial próxima de R$ 3,5 mil e final de R$ 5,6 mil, eles reclamam da disparidade nos salários e da falta de reconhecimento por parte do Poder Público. "A lei desmereceu a maioria dos servidores. Queremos apenas um direito nosso", reclamou o servidor Marcelo Caldas. Inconformado com a demora nas negociações, Caldas uniu-se a colegas para criar a Associação Brasileira dos Servidores Públicos Federais Técnicos de Nível Superior (Abratec), que já conta com 400 pré-associados e deve começar a funcionar em meados de agosto.

Eles alegam que, embora o Ministério do Planejamento tenha sinalizado com a possibilidade de aumento para os servidores de nível superior, a Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef) está ameaçando as negociações ao exigir os reajustes também para os de níveis médio e fundamental.

"A Condsef não atende ao nosso pleito. Queremos conversar diretamente com o governo. Teremos pernas e interesses próprios", explicou Caldas. Outras carreiras de nível superior também já estão negociando mais aumentos com o governo, como a de gestores, com remuneração atual entre R$ 12,9 mil e R$ 18,4 mil.

Prazo apertado
O secretário-geral da Condsef, Josemilton Costa, criticou o movimento e disse não poder lutar apenas por uma parte dos trabalhadores. "Eles querem que deixemos os outros servidores de lado. Estamos discutindo com o governo e lutando por melhorias. Precisamos dar o mesmo tratamento a todos", afirmou.

O Ministério do Planejamento informou que os processos de negociação, iniciados em março, ainda estão em andamento e que ainda não é possível dizer que categorias vão ser contempladas. A próxima reunião entre o secretário de Recursos Humanos, Duvanier Paiva, e entidades sindicais está marcada para esta sexta-feira.



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