Blog do Josias de Souza
- 08/10/2011
O governo decidiu aproveitar as primeiras greves da Era
Dilma Rousseff para fixar um padrão de relacionamento com os funcionários que
optam por cruzar os braços.
Por ordem do Planalto, repassada ao Ministério da Fazenda,
as direções do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal cortarão o ponto
dos seus grevistas.
A mesma providência já havia sido adotada em relação aos
funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, vinculada ao
Ministério das Comunicações.
Neste sábado (8), a greve dos bancários completa 12 dias. A
paralisação dos Correios entra no 25o dia.
Nos dois casos, os trabalhadores são representados por
entidades vinculadas à CUT, braço sindical do PT, o partido de Dilma.
A despeito disso, Dilma mandou dizer que os gestores de
bancos e empresas do governo devem se portar como administradores públicos, não
como sincalistas.
Representadas pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos),
as casas bancárias ofereceram reajuste de 8%.
A Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
financeiro) reivindica 12,85%. A negociação foi interrompida. Nesta sexta (7),
segundo a entidade, 8.951 agências estavam fechadas.
Os Correios chegaram a firmar um acordo com a Fentect
(Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telegráfos e
Similares).
Deu-se numa audiência de conciliação do TST. Porém, o acerto
foi desautorizado pelos trabalhadores em assembléias realizadas nos Estados.
Nesta sexta, tentou-se repactuar o entendimento, de novo sob
mediação do TST. Dessa vez, desautorizada por seus representados, a Fentect
refugou o acordo.
Em nota veiculada na internet, a federação atribuiu o
dissenso à insistência do governo em cortar o ponto dos grevistas.
Na folha salarial de setembro, foram passados na lâmina seis
dos 25 dias parados. Os negociadores dos Correios concordaram em devolver o
dinheiro. Porém...
Porém, ficara combinado que o corte seria feito a partir de
janeiro de 2012, em parcelas. E os outros dias parados seriam compensados com
horas extras.
Diante do fracasso das duas tentativas de acordo, o TST
agendou para a próxima terça (11) o julgamento do dissídio da categoria postal.
A Fenaban receava que os bancos públicos, diferentemente dos
privados, fossem pagar os dias parados dos seus grevistas. Foi informada de que
isso não vai acontecer.
Em 2007, assediado por greves de servidores públicos, Lula
chegou a declarar que greve sem corte do ponto vira férias.
Sob Dilma, o governo emite sinais de que está determinado a
levar às últimas consequências as palavras do ex-sindicalista e fundador da
CUT.