Solange do Espírito
Santo
Valor Econômico - 25/11/2011
São Paulo - A busca por maior eficiência é o objetivo
principal das escolas públicas destinadas à formação e qualificação do
funcionalismo. Em todas as esferas, é crescente o número de funcionários que
passam por seus cursos e algumas delas estão se tornando referência pelos
resultados conseguidos. A Escola Superior de Administração Fazendária (Esaf),
por exemplo, é o centro de capacitação regional do Fundo Monetário
Internacional para a América Latina. A Escola Nacional de Administração Pública
(Enap) mantém uma rede com 189 instituições congêneres no país e em todos os
níveis de poder.
Em Curitiba (PR), 70% dos 33 mil servidores da prefeitura
têm curso superior, fruto das ações do Instituto Municipal de Administração
Pública. Já a Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), do governo
paulista, coordena cursos para todas as secretarias e um dos destaques é a
formação de profissionais da saúde.
As instituições têm ido além do treinamento de funcionários
concursados. Também formatam cursos de educação continuada voltados ao
desenvolvimento técnico e gerencial e a funções estratégicas dos governos. Além
disso, firmam parcerias com universidades para pós-graduação, mestrado e
doutorado. Para a diretora de formação da Enap, Maria Stela Reis, as ações das
escolas públicas se intensificaram na década de 1980. "De lá para cá,
passamos a capacitar servidores em carreiras estratégicas, como as de
especialista em políticas públicas de gestão governamental e de analista de
planejamento e orçamento", explica.
A escola também ministra cursos de pós-graduação que atendem
demandas específicas de órgãos do governo, como saúde, educação, justiça e
desenvolvimento social. E para atender servidores federais em todo o país, a
Enap promove cursos a distância. Em 2010, eles formaram 25 mil alunos. Os
presenciais atingiram quase 11 mil. Vinculada ao Ministério do Planejamento, a
Enap está à frente da Rede de Escolas de Governo, entre elas a ESAF e o
Instituto Rio Branco.
Ampliar imagem
Fundada em 1975, a Esaf sempre focou a sua atuação em ensino
e pesquisa na área fazendária, mas nos últimos anos ampliou o leque para
atender os demais órgãos de governo. "Em 2010, promovemos 80 mil operações
de treinamento, 27 mil delas por meio do ensino a distância", relata o
diretor geral Alexandre Ribeiro Motta. Além da sede em Brasília, A Esaf tem 10
centros regionais para treinamentos.
Vinculada ao Ministério da Fazenda, a Esaf oferece
especialização em educação financeira e cidadania, direito tributário,
administração de orçamento e finanças e governo eletrônico. "E, junto com
a Universidade de Brasília, oferece mestrado em economia do setor público,
administração e orçamento público e administração e gestão pública",
informa Motta.
No campo da pesquisa, a Esaf tem parcerias com o FMI, Banco
Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e os governos do Canadá,
França e Portugal. "Nosso objetivo é aprimorar a gestão tributária, e
também qualificar o gasto público", enfatiza o diretor geral.
"Queremos qualificar também os integrantes de conselhos municipais e
estaduais, para que entendam de finanças e gastos públicos."
É na área da saúde que o governo de São Paulo, por meio da
Fundap, tem investido. Segundo o diretor executivo da Fundação, Geraldo Biasoto
Júnior, o foco é a transformação de auxiliares de enfermagem em técnicos e a
oferta de cursos de especialização para quem já é técnico.
Para isso, foram credenciadas 77 escolas de enfermagem no
Estado. A especialização é voltada para as áreas de emergência, UTI neonatal,
hemodiálise e oncologia. "Nosso objetivo é capacitar 90 mil funcionários.
Em 2010, 18.600 auxiliares receberam a formação técnica. Este ano, 11 mil estão
estudando e 146 técnicos fazendo a especialização", informa. A Fundap
também é a responsável pelos cursos e treinamentos dos demais órgãos de
governo, como o de desenvolvimento gerencial, entre outros. "Formamos 5
mil servidores como pregoeiros eletrônicos e, em parceria com universidades
públicas, promovemos curso de especialistas em políticas públicas."
Já o Instituto Municipal de Administração Pública (Imap)
busca a qualificação permanente dos 33 mil funcionários públicos de Curitiba.
"Além de cursos de competências gerais, como planejamento, finanças
públicas, logística e gestão de pessoas, formatamos cursos para atender
demandas específicas", explica a diretora Francine Lia Wosniak.
Para cada área, é elaborado um currículo com um cronograma
mensal de cursos. "Assim, garantimos 100% de cobertura - cada servidor
participa de pelo menos um curso por ano", destaca. Os resultados são
medidos por pesquisa realizada três meses depois do curso, pelo próprio
servidor e por sua chefia. O instituto aposta ainda na educação formal, por
meio de parcerias com faculdades, que dão descontos nos cursos de graduação e
pós-graduação. Também há oferta de bolsas de estudo para mestrados e
doutorados.