Gazeta do Povo
- 25/11/2011
Sindicato diz que parlamentares incentivaram a continuação
da greve, uma vez que não há consenso se a emenda passará na Comissão Mista de
Orçamento
A aprovação de emenda de R$ 2 bilhões para aumentos
salariais no Judiciário definida nesta quarta-feira (23) na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados não deve paralisar o
movimento grevista dos servidores, que atinge 19 estados. De acordo com a
Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do Ministério
Público da União (Fenajufe), a orientação é continuar e até aumentar o
movimento a partir de agora.
O coordenador-geral da Fenajufe, José Oliveira, disse que os
próprios parlamentares incentivaram a continuação da greve até que a questão
esteja resolvida em definitivo, uma vez que não há consenso se a emenda passará
na Comissão Mista de Orçamento. “O avanço de hoje servirá, na verdade, para
estimularmos que as paralisações continuem e até aumentem, para mostrar que o
movimento grevista vem colhendo resultados”.
Segundo o presidente da CCJ, deputado João Paulo Cunha
(PT-SP), a proposta serve como “janela” para que a discussão sobre o reajuste
possa continuar na Comissão Mista de Orçamento.
O representante da Fenajufe disse que a estratégia para que
o aumento seja aprovado é ampliar a negociação com relatores setoriais e com o
relator-geral do Orçamento de 2012, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Apesar
de o PMDB ter assumido a linha de frente das nossas reivindicações, temos
sentido um movimento de apoio também na oposição e até na base governista”.
Pouco após a aprovação da emenda na CCJ, cerca de 200
manifestantes de várias partes do país se reuniram em protesto na Praça dos
Três Poderes, em Brasília, para cobrar a aprovação integral dos projetos de lei
para reajuste de servidores, de cerca de 50%.
Oliveira diz que não há um balanço da porcentagem de
servidores de braços cruzados, mas que em alguns estados os resultados têm sido
“satisfatórios”, com a suspensão de prazos e de audiências e atraso no
andamento de processos.
O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil
(Ajufe), Gabriel Wedy, também disse que a emenda da CCJ não será suficiente
para amenizar o protesto de juízes federais.
“Esse movimento é um protesto pelo descaso do Executivo ao
não incluir a proposta do Supremo Tribunal Federal no projeto de Orçamento e à
falta de diálogo entre os três poderes, e isso não se altera com essa emenda.
Além disso, o valor é aquém do que foi pedido”.