O Globo - 14/06/2013
Todo os servidores públicos têm direito a um salário, que
seja satisfatório em relação ao trabalho que realizam, assim como como capaz de
mantê-los, e às suas famílias, em pelo menos condições de sobrevivência e algum
conforto. Obviamente, quanto mais importante para o País e a sociedade, maior a
grana. Prosseguindo no óbvio, cabe ao Estado determinar os níveis de
remuneração de cada funcionário. Evidentemente, raros acham que recebem o
bastante. É compreensível. E às vezes, por razões que não são difíceis de
entender, o cidadão comum acha que a turma lá de cima anda mamando em tetas
gordas demais.
Um exemplo disso é o que se acaba de descobrir em relação
aos ministros de quatro tribunais superiores: eles receberam, do nosso bolso,
um total de R$ 3,64 milhões, correspondentes a nove anos de refeições. O nome
técnico dessa bolada é "auxílio-alimentação retroativo".
O dinheiro foi fornecido por quatro tribunais superiores : o
Militar, o de Justiça e o do Trabalho revelaram as quantias: o Tribunal de
Contas da União relutou, mas acabou prometendo submeter a questão à Lei de
Acesso à Informação. Seria mesmo muito estranho que os juízes que fiscalizam o
uso dos recursos públicos mantivessem em segredo o seu próprio uso desse
dinheiro.
A única desculpa do TCU é o fato de que, antes, eles
liberaram pagamentos retroativos a quase cinco mil juízes federais e do
Trabalho, pouco depois de fazerem o mesmo em relação aos tribunais superiores.
Pode-se admitir que essa farra do almoço judiciário seja
legal. Mas o caso vem sendo questionado no Conselho Nacional de Justiça e no
Supremo Tribunal Federal. Se esse auxílio-alimentação retroativo (nome oficial
da benesse) for aprovado, talvez seja difícil impedir que se espalhe pelo primeiro
time do governo federal.
Será uma farra e tanto - que você vai pagar.
Acompanhe o noticiário de Servidor público pelo Twitter
Acompanhe o noticiário de Servidor público pelo Twitter