Agência Brasil
- 29/04/2014
O prazo para um acordo com os policiais federais, que
ameaçam entrar em greve durante a Copa do Mundo, está chegando ao fim, disse
hoje (29) a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Em audiência pública na
Comissão Mista de Orçamento (CMO), ela disse que a resistência da categoria
pode impedir ganhos futuros porque a legislação eleitoral proíbe o envio de
propostas ao Congresso a partir da metade do ano.
Segundo a ministra, o governo está disposto a chegar a um
acordo, mas adiantou ser impossível conceder aumentos salariais acima de 15,8%,
acertado com a maioria dos servidores públicos em 2012. “Fizemos propostas
históricas de questões que vêm sendo debatidas há muito tempo, como a criação
de um grupo de trabalho para discutir a reestruturação das carreiras, mas sair
desse patamar [de 15,8%] é difícil porque as demais categorias vão questionar”,
explicou.
De acordo com a ministra, a negociação precisa chegar a um
resultado ainda no primeiro semestre. “O governo continua aberto, mas o prazo
está acabando. Se a negociação não for acelerada, o prazo estabelecido pela lei
eleitoral chegará e não teremos como mandar a proposta para o Congresso”,
advertiu.
Miriam Belchior destacou que, entre todas as categorias do
serviço público, apenas os agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia
Federal recusaram o reajuste de 15,8% parcelado em três anos. Os delegados do
órgão, disse, aceitaram o aumento e só voltarão a conversar com o governo em
2015.
Segundo a ministra, o governo concedeu reajustes
diferenciados a apenas quatro categorias: militares, professores
universitários, servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) e do Ministério do Meio Ambiente. Apenas esses servidores,
explicou, tinham defasagens salariais históricas que precisavam ser corrigidas
com aumentos superiores a 15,8%.
Ao mencionar que oficiais generais passaram a ganhar o mesmo
que ministros e parlamentares depois de terem reajustes de 30% nos últimos três
anos, a ministra ouviu vaias de mulheres de militares que acompanhavam a
audiência. Originalmente, o encontro discutiria apenas o projeto da Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015, mas a Comissão de Relações Exteriores
e Defesa da Câmara pediu que a ministra explicasse a política salarial dos
militares.