Blog do Noblat
- 06/05/2014
Marco Antonio Villa, O Globo
Tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de
Maricá. E o fim está próximo.
A cinco meses da eleição presidencial é evidente o
sentimento de enfado, cansaço, de esgotamento com a forma de governar do
Partido dos Trabalhadores. É como se um ciclo estivesse se completando. E
terminando melancolicamente.
A construção do amplo arco de alianças que sustenta
politicamente o governo Dilma foi, quase todo ele, organizado por Lula no
início de 2006, quando conseguiu sobreviver à crise do mensalão e à CPMI dos
Correios.
Naquele momento buscou apoio do PMDB — tendo em José Sarney
o principal aliado — e de partidos mais à direita. Estabeleceu um condomínio no
poder tendo a chave do cofre. E foi pródigo na distribuição de prebendas. Fez
do Tesouro uma espécie de caixa 1 do PT. Tudo foi feito — e tudo mesmo — para
garantir a sua reeleição.
Parodiando um antigo ministro da ditadura, jogou às favas
todo e qualquer escrúpulo. No jogo do vale-tudo não teve nenhuma
condescendência com o interesse público.
A petização do Estado teve início no primeiro mandato, mas
foi a partir de 2007 que se transformou no objetivo central do partido. Ter uma
estrutura permanente de milhares de funcionários petistas foi uma jogada de
mestre.
Para isso foram necessários os concursos — que garantem a
estabilidade no emprego — e a ampliação do aparelho estatal. Em todos os
ministérios, sem exceção, aumentou o número de funcionários. E os admitidos —
quase todos eles — eram identificados com o petismo.
Desta forma — e é uma originalidade do petismo —, a tomada
do poder (o assalto ao céu, como diria Karl Marx) prescindiu de um processo
revolucionário, que seria fadado ao fracasso, como aquele do final da década de
60, início da década de 70 do século XX. E, mais importante, descolou do
processo eleitoral, da vontade popular.
Marco Antonio Villa é historiador
Leia a íntegra em Adeus, PT