Correio Braziliense
- 27/11/2014
Menos de um mês depois de o governo ampliar o prazo para
contratação de empréstimo, financiamento cresce 46,8%
A intenção do governo de turbinar o crédito, ao elevar de
cinco para oito anos o prazo máximo para contratação de empréstimos consignados
por Servidores Públicos, surtiu efeito. A medida, anunciada no início de
outubro, teve efeito imediato na liberação de recursos pelos bancos. Em pouco
mais de 20 dias úteis, foram concedidos nada menos que R$ 10,316 bilhões em
financiamentos nessa linha, conforme mostram dados do Banco Central (BC).
Significa uma elevação de 46,8% em relação a setembro.
O mesmo resultado foi observado na liberação de empréstimos
consignados feitos a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS). No fim de setembro o governo ampliou de cinco para seis anos o
prazo máximo para operações desse tipo. Em outubro, as concessões explodiram.
Passaram de pouco mais de R$ 3,7 bilhões para R$ 5,9 bilhões - alta de 57,7%.
Mas, se as concessões avançaram num patamar elevado, o mesmo não se pode dizer
do saldo de recursos nessa linha.
Os valores liberados apenas para Servidores Públicos somaram
R$ 153,609 bilhões em outubro, uma alta de 1,3% frente a setembro. Já o saldo
das operações feitas a aposentados e pensionistas do INSS expandiu-se 1,8% naquele
mês, para R$ 75,115 bilhões. O BC tem uma explicação para isso. "Como
houve uma concessão ampla e um volume menor no estoque, isso denota uma
renovação dos empréstimos", disse o chefe do Departamento Econômico do
órgão, Tulio Maciel.
O fato de os bancos terem voltado a elevar os juros não
reduziu o ímpeto dos consumidores, que aproveitaram as novas medidas para
ampliar o prazo dos financiamentos contraídos. Em média, os empréstimos
consignados passaram de 60 meses para 96 meses, no caso dos Servidores
Públicos, e de 60 para 72 meses, para aposentados e pensionistas do INSS.
Menos risco
Como esses recursos são descontados diretamente na folha de
salários ou de benefícios pagos, a possibilidade de calote é baixa. Em outubro,
as operações não honradas chegaram a apenas 2,5% das carteiras, um dos menores
patamares da série histórica. "Na verdade, a inadimplência do consignado
nunca foi um problema, porque sempre se manteve bem comportada", disse
Maciel.
O mesmo ocorreu com as demais linhas de crédito voltadas às
famílias, que também tiveram redução na inadimplência. Em outubro, o calote em
empréstimos com recursos livres tive redução de 0,2 ponto percentual, de 6,6%
para 6,4% - o menor patamar desde março de 2011.