Blog do Josias
- 03/05/2015
Às vésperas do início da votação do ajuste fiscal, o governo
Dilma Rousseff promove no Congresso uma espécie de liquidação de cargos.
Distribui aos aliados posições de comando em órgãos públicos federais
localizados nos Estados. É o chamado terceiro escalão da máquina estatal. O
Planalto distribui poltronas na expectativa de receber votos. Entram no
toma-lá-dá-cá poltronas em vários ministérios. Entre eles Transportes,
Trabalho, Previdência, Agricultura e Pesca.
Coordenadores das bancadas estaduais de diferentes legendas
reúnem-se a portas fechadas para ratear os cargos. Em pelo menos quatro Estados
os partidos governistas já concluíram a partilha: Tocantins, Goiás, Sérgipe e
Piauí. Os nomes seguem para o gabinete do vice-presidente Michel Temer,
coordenador político do governo. Auxilia Temer na administração dos interesses
fisiológicos do conglomerado pró-Dilma o ministrio Eliseu Padilha (Aviação
Civil).
Não é a primeira vez que um governo leva o terceiro escalão
ao balcão. A prática atravessa os governos. Ao longo do tempo, perdeu-se um
elemento essencial: o recato. São dois os efeitos mais nefastos dessa prática.
Num, aniquila-se a hierarquia. Os indicados subordinam-se aos seus padrinhos,
não aos superiores hierárquicos. Noutro efeito, instalam-se nas repartições
públicas novos escândalos esperando para acontecer.
Simultaneamente, o governo inaugurou na internet um site com
explicações sobre o ajuste fiscal. Nele, vende-se a tese segundo a qual Dilma
“ajusta” a economia para “avançar” nas conquistas. Nem sinal de autocrítica
sobre os erros do primeiro mandato de Dilma. Num instante em que o pedaço
desenvolvido do mundo começa a virar a página da crise, o governo brasileiro
continua atribuindo sua ruína apenas à crise econômica internacional