Agencia Brasil
- 12/05/2015
A greve dos servidores do Ministério das Relações Exteriores
que começa hoje (12) no Brasil e no exterior tem como principais reivindicações
o pagamento em dia do auxílio-moradia no exterior e os reajustes salariais de
assistentes de chancelaria, diplomatas e oficiais de chancelaria. Embaixadas e
consulados no exterior com fuso horário à frente do brasileiro, na África,
Ásia, Europa e Oceania já iniciaram a paralisação.
Para avaliar o alcance e a condução do movimento, a
presidenta do Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações
Exteriores (Sinditamaraty), Sandra Maria Nepomuceno, convocou uma assembleia
para discutir as ações dos grevistas, a continuação da paralisação, além de
apresentar o balanço da reunião de ontem (11) em Brasília entre o sindicato e o
Departamento do Serviço Exterior do Itamaraty.
Outras reivindicações da pauta são a concessão automática de
passaporte diplomático a todos os membros do Serviço Exterior Brasileiro, que
não contempla os assistentes de chancelaria; além de regras para os plantões
consular, diplomático e dos setores de comunicações dos postos no exterior, que
hoje não têm regime de compensação de horas para quem realiza os plantões.
A oficial de chancelaria Ivana Lima entrou no ministério em
2007 e há um ano e oito meses vive em Atlanta. Ela participa do movimento
grevista e explica como a irregularidade do pagamento dos benefícios afeta seu
orçamento doméstico. Segundo ela, o valor do aluguel da casa onde mora equivale
a três quartos do salário líquido.
“Irregularidades no pagamento como atrasos de um ou dois
meses já aconteceram antes, mas de agosto de 2014 para cá tivemos atrasos de
três ou quatro meses”, conta. Segundo ela para manter o aluguel em dia, foi
preciso recorrer às reservas, empréstimos e cartões de créditos. "Vivemos
no vermelho e não podemos planejar nada", acrescenta ela, que é casada e
tem um filho. Filiada ao Sindicato, Ivana defende que seja firmado acordo
escrito pelo Itamaraty com o compromisso de regularização do pagamento do
auxílio-moradia no exterior.
O Itamaraty reconhece as dificuldades para cumprir o
compromisso. Em um ofício enviado pelo ministério ao sindicato no dia 16 de
abril, o Itamaraty afirmou se solidarizar com o pleito da regularização e
pagamento dos auxílios atrasados, e informou estar empenhado na obtenção da
verba para o repasse. Segundo o ofício, o saldo destinado para este tipo de
despesa é insuficiente.
O impacto do atraso afeta todos os servidores e é mais grave
em cidades com alto custo de vida. Osvaldo Nascimento é casado com uma oficial
de Chancelaria e vive em Camberra. Eles têm três filhos de 17 anos, 14 anos e
12 anos. Ele disse à Agência Brasil que a família já usou todas as economias
que tinha por causa do pagamento atrasado e o que ajuda a minimizar é o fato de
que ele pode trabalhar.
“Mas trabalho pelo dinheiro e estou fora da minha
carreira", pondera. "O visto de trabalho que tenho é limitado e aqui
trabalho carregando malas em um hotel e como lavador de pratos”, diz Osvaldo
que, no Brasil, era professor universitário de português em Brasília. A família
vive fora há oito anos. O primeiro posto foi em Tóquio e agora em Camberra.
Com relação à reivindicação salarial, o Sinditamaraty
informa que, em 2008, os diplomatas tiveram reajuste salarial, mas os
assistentes e oficiais de chancelaria não receberam aumento.