Agência Brasil
- 16/06/2015
Empresas pagam salários médios mais baixos do que órgãos da
administração pública e entidades sem fins lucrativos. A conclusão está no
Cadastro Central de Empresas de 2013, divulgado hoje (16) pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O documento analisa informações
cadastrais e econômicas de empresas e outras organizações formalizadas no país
incluídas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, da Secretaria da Receita
Federal.
As empresas respondem por 89,9% do conjunto analisado pelo
Cadastro Central de Empresas, as da administração pública por 0,4% do universo
da pesquisa e as entidades sem fins lucrativos por 9,7%. Apesar disso, em 2013,
os salários médios pagos pelo setor privado ficaram em R$ 1.889, enquanto na
administração pública a média foi R$ 2.987 e nas demais entidades, R$ 2.016.
O pesquisador do IBGE e gerente da pesquisa, Francisco
Marta, disse que uma das explicações para a diferença é que nas empresas há
mais pessoas ocupadas sem nível superior. “Se comparado com a administração
pública e as entidades sem fins lucrativos, há concentração maior de pessoal
ocupado [em empresas] sem nível superior, o que responde um pouco por essa
variável do salário médio ser mais baixo em entidades empresariais. Elas são muito
formadas por atividades em segmentos como alojamento, alimentação, atividades
administrativas e comércio, que tem um peso muito grande nesse segmento.”
Francisco Marta destacou que os órgãos da administração
pública empregam 17,5% do pessoal ocupado total, mas predominam os empregados
com curso superior. “A justificativa pelos salários mais altos é que elas estão
inseridas em atividades que estão preponderantemente em área de regulação e de
fiscalização e que também têm predominância de pessoas com nível superior, o
que explica um pouco essa diferença entre as entidades empresariais e as da
administração pública.”
O gerente da pesquisa ressaltou que, entre 2012 e 2013, a
participação dos assalariados sem nível superior na variação do pessoal ocupado
assalariado ficou em 60,2%, enquanto a contribuição dos que têm nível superior
atingiu 39,8%.
Na diferença salarial, a pesquisa indicou que homens são 57%
do pessoal ocupado assalariado e mulheres, 43%. O pesquisador destacou, porém,
uma tendência de aumento no público feminino. “De 2012 para 2013, ficou em 4,2%
para mulheres e 3,1% para homens o aumento na participação. O que podemos
constatar é que a participação feminina na variação de pessoal ocupado
assalariado é superior à da masculina. Nos últimos cinco anos, a tendência no
crescimento na participação feminina no pessoal ocupado assalariado tem sido,
constantemente, de crescimento.”
Nas empresas, há predomínio de emprego de homens na mão de
obra. Em 2013, a participação masculina ficou em 62,3% e a feminina, em 33,7%.
Na administração pública e nas entidades sem fins lucrativos, porém, o
comportamento se inverte: “homens participam da administração pública apenas
com 41,1%, enquanto as mulheres são 58,9%. Nas entidades sem fins lucrativos, a
participação masculina é 44,9% e a feminina, 55,1%”.
Francisco Marta explicou que o motivo é o tipo de atividade.
Segundo ele, as entidades empresariais são tradicionalmente formadas por mão de
obra masculina, como indústria e construção, enquanto a administração pública,
com muita participação na saúde e na educação, tem presença feminina maior.
"Isso responde um pouco pelas diferenças em termos de participação por
sexo.”
O gerente da pesquisa disse que ainda não é possível fazer
avaliação específica dos percentuais do nível de escolaridade entre homens e
mulheres, porque o cadastro não tem ainda esse tipo de cruzamento de
informações, mas ressaltou que o IBGE está estudando a inclusão deste tipo de
análise. “Futuramente, vamos apurar, mas, no momento, só conseguimos isso
separadamente: participação feminina e masculina, com ou sem nível superior”.
Francisco Marta acrescentou que o IBGE tentará incluir essa análise na pesquisa
do Cadastro Central de Empresas do ano que vem.
A divulgação do cadastro é anual. Desde 2008, o documento
inclui informações sobre a participação por diferença de sexo. A pesquisa
avalia dados nas áreas da indústria, construção, do comércio e dos serviços com
base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho e
Emprego, além de informações do próprio IBGE.