sábado, 5 de setembro de 2015

Governo muda proposta de reajuste para servidor


Vera Batista
Correio Braziliense     -     05/09/2015




Planejamento recua na intenção de fechar acordo até 2019 e oferece aumento salarial de 10,8%, parcelado em dois anos. Trabalhadores veem avanço, mas querem mais concessões

O governo cedeu em pelo menos um item da pauta de reivindicação dos servidores na campanha salarial de 2015. Após horas de reunião, na última quinta-feira, o Ministério do Planejamento definiu uma nova proposta para o reajuste do funcionalismo, prevendo aumento acumulado de 10,8%, em dois anos, com percentuais de 5,5%, em 2016, e 5% em 2017.

Embora os índices sejam os mesmos já oferecidos, a redução do prazo e a possibilidade de retorno mais rápido à mesa de negociações foram comemorada pelos servidores. Desde o início de agosto, o governo insistia em aumento de 21,3% dividido em quatro reajustes anuais (5,5% em 2016, 5% em 2017, 4,75% em 2018, e 4,5% em 2019).

"Foi o primeiro passo para superar o entrave nas negociações. A maior dificuldade era o prazo de quatro anos. A categoria estava disposta a recusar totalmente à proposta anterior. Seria uma mordaça. A qualquer nova pressão dos servidores, o governo lembraria do acordo assinado, como fez até 2015. Creio que a categoria, agora, pensará sobre o assunto", disse Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).

Segundo Silva, a pressão dos servidores foi a principal responsável pela mudança de atitude do governo. "Água mole em pedra dura acaba fazendo efeito. Com a crise econômica, fica difícil aceitar um índice que já nasce defasado, sem poder renegociar lá na frente", assinalou. A confederação volta a se reunir com o governo na terça-feira e fará uma plenária na quinta. A decisão do Planejamento só foi oficializada ontem por meio de comunicado do secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça.

As primeiras entidades a receberem o ofício, além da Condsef, foram a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) e a Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps). O secretário Sérgio Mendonça espera começar a assinar os acordos já a partir de 11 de setembro. Os trabalhadores, no entanto, ainda não bateram o martelo. Para Terezinha de Jesus Aguiar, diretora da Fenasps, embora a proposta traga novidades e alguns avanços, pautas históricas da categoria, em greve há 60 dias, foram deixadas de lado.

"A oferta é positiva, mas ainda insuficiente. Precisaríamos, pelo menos, de mais dois elementos: política permanente de reposição salarial e estabelecimento de data-base. Enfim, nos resta pedir seriedade ao governo para que possamos recomeçar a conversar a partir de 2017", afirmou Terezinha. De acordo com o Planejamento, os demais pontos da proposta governamental para o conjunto do funcionalismo - que vêm sendo negociados desde agosto - continuam a valer.

Os benefícios seriam reajustados pela inflação do período em que ficaram congelados. O auxílio-alimentação passaria de R$ 373 para R$ 458; na assistência à saúde, o valor individual médio iria de R$ 117,78 para R$ 145; e a média do auxílio-creche subiria de R$ 73,07 para R$ 321. Foi mantida também a incorporação da Gratificação de Desempenho (GDASS) à aposentadoria em três parcelas, de 2017 a 2019.

5,5%

Correção prevista para 2016 segundo a tabela oficial


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra