Congresso em Foco
- 06/02/2016
Internautas chegaram a pensar que hackers haviam invadido
páginas do governo com animações. Campanha busca conscientizar o público “de
forma curiosa”, diz Secom
Uma campanha do governo federal contra o mosquito Aedes
aegypti tem causado polêmica pela forma escolhida para tratar um assunto que
tem aterrorizado o mundo. Quem acessa sites oficiais do Executivo é
surpreendido pelo voo de diversos mosquitos em sua tela. Ao clicar na imagem, o
internauta vê os insetos se transformarem em uma espécie de raquete, daquelas
utilizadas para matá-los. Surge, então, um aviso: “Não adianta matar apenas um
mosquito.
Não podemos deixar ele nascer. E isso depende de todos nós”. O banner direciona o internauta para uma página específica do Ministério da Saúde que reúne informações sobre dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mosquito.
Não podemos deixar ele nascer. E isso depende de todos nós”. O banner direciona o internauta para uma página específica do Ministério da Saúde que reúne informações sobre dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mosquito.
Desde que a campanha entrou no ar, no último dia 27,
internautas reagiram. Alguns imaginaram que se tratava de uma invasão dos sites
oficiais por hackers, enquanto outros discordaram da proposta da campanha, por
tratar de maneira jocosa um assunto de alta relevância.
“Governo perdendo a luta para o mosquito. Invadiram o site
do Planalto”, disse uma usuária no Twitter. “Muito desagradável entrar no site
da Receita Federal com esses mosquitos voando”, relatou outro usuário. “Alguém
me explica o conceito dos mosquitos voando no site do Portal Brasil?”,
questionou um internauta.
Para o cientista político Paulo Kramer, o governo deu um
tiro no pé ao recorrer ao humor para tratar de um assunto que tem causado morte
e provocado microcefalia em bebês. “Muito justificadamente, o Brasil virou
motivo de chacota por conta da expansão da epidemia, que daqui a pouco pode
virar pandemia. Agora, o governo é tão incompetente na sua comunicação que faz
chacota de si mesmo, enchendo de mosquitos o seu site oficial. Jaguar, no
Pasquim de antigamente, botava uma mosquinha em volta de alguém que ele não
gostava. Em volta de personagens não gratos ao jornal. Nunca vi isso. O governo
pagar para se ridicularizar”, disse o professor da Universidade de Brasília
(UnB) ao Congresso em Foco.
Responsável pela iniciativa, a Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República (Secom) afirmou que tem recebido avaliações
positivas em relação à campanha por parte do público. A estratégia era chamar
atenção dos internautas para o combate ao Aedes aegypti de uma maneira curiosa.
Em princípio, os mosquitos estavam apenas no Portal Brasil, porém, foram
disseminados gradualmente para outras páginas oficiais do governo federal.
Apesar da polêmica, a pasta informou que não há previsão para encerrar a campanha.
Mutirão
O governo federal anunciou que 220 mil militares das três
Forças Armadas vão ajudar no combate ao mosquito em 356 municípios – dos quais
115 concentram grande quantidade dos casos de microcefalia. A ação será
realizada no próximo dia 13, quando militares irão distribuir panfletos com um
número de telefone local que irá receber denúncias de locais onde haja
proliferação do mosquito. A expectativa do chefe do Estado-Maior Conjunto das
Forças Armadas, Almirante Ademir Sobrinho, é de que pelo menos 3 milhões de
residências sejam visitadas.
De acordo com o boletim do Ministério da Saúde divulgado na
última quarta-feira (27), 270 crianças nasceram com microcefalia por infecção
congênita, mas não necessariamente pelo vírus Zika. A pasta ainda investiga
3.448 casos suspeitos de microcefalia. Os números são referentes a registros
feitos de outubro de 2015 a 20 de janeiro deste ano.