BSPF - 12/11/2016
Funcionários administrativos das universidades se dizem
esquecidos Entidades brasileiras e estrangeiras afirmaram que, para que ensino
superior seja democrático, técnicos também precisam ser ouvidos
Representantes de universidades do Brasil e de outros países
da América Latina afirmaram ontem numa audiência pública no Senado que os
funcionários técnico-administrativos das instituições de ensino superior ainda
não recebem o devido valor. — Muitas vezes o técnico que trabalha nas
universidades tem um papel invisível. O foco está sempre nos professores e nos
alunos — afirmou a coordenadora-geral da Federação de Sindicatos de
Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas
do Brasil (Fasubra), Leia Oliveira. Leia falou na Comissão de Direitos Humanos
e Legislação Participativa (CDH), que promoveu um debate sobre o papel dos
trabalhadores da educação na construção de uma universidade mais democrática na
América Latina.
A audiência pública foi uma sugestão da Fasubra. — A
universidade ainda precisa caminhar muito para ser considerada, de fato,
democrática — acrescentou ela. A coordenadora-geral da Fasubra sugeriu a
criação de uma federação internacional de técnicos-administrativos das
universidades da América Latina e do Caribe. O secretário-adjunto da Associação
dos Funcionários não Docentes da Universidade de Buenos Aires, Marcelo Di
Stefano, afirmou que a criação de uma grande federação latina é um sonho para
toda a categoria dos trabalhadores das universidades. Ele pediu a união dos
povos latinos por uma educação de qualidade na região e disse que a educação
exige um debate mais inclusivo, com a participação mais efetiva dos
trabalhadores: — A educação é um assunto muito importante para ficar na mão de
poucos ou só na mão de políticos.
Teto de gastos
públicos
Para a secretária da Federação dos Sindicatos dos
Trabalhadores Universitários da Nicarágua, Mercedes Sánchez, o investimento em
educação pode garantir uma democracia mais efetiva. Ela ainda pediu mais união
dos trabalhadores da educação: — Desunidos, não somos nada. Unidos, somos tudo.
O secretário-geral da Agremiação Federal dos Funcionários da Universidade da
República do Uruguai, Daniel Oliveira, chamou o impeachment da ex-presidente
Dilma de “farsa” e criticou a PEC do Teto dos Gastos (PEC 55/2016). Para ele, a
medida pode reduzir recursos para a educação e comprometer as gerações futuras
do Brasil.
Oliveira ainda cobrou uma “voz mais ativa” dos trabalhadores
dentro das universidades e mais investimentos na educação pública. — Com
universidades mais fortes, teremos países mais livres — declarou.
Representantes da República Dominicana, do Equador e da Bolívia também
participaram do debate. O presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS),
agradeceu a participação dos representantes dos “países amigos” e lembrou que a
busca da integração cultural e política do Brasil com a América Latina está
prevista na Constituição de 1988. Paim também elogiou os estudantes brasileiros,
que estão “ocupando mais de 1,2 mil escolas e universidades” em defesa da
educação. Ele ainda afirmou que justiça social e democracia são valores que
caminham juntos e lamentou “políticas restritivas” do governo.
Fonte: Jornal do Senado