BSPF - 20/11/2016
Aposentadorias no serviço público batem recorde por medo de
mudanças
O analista Antônio Oliveira tem 57 anos e resolveu se
aposentar neste ano. A professora Ângela Albuquerque, de 59, também. São
servidores públicos há mais de 30 anos. Ele, no Distrito Federal. Ela, no Rio
de Janeiro. Eles até trabalhariam mais uns dois ou três anos, mas nenhum dos
dois quis "pagar para ver" como ficará a Previdência Social
brasileira após a reforma que o Governo Michel Temer deve enviar ao Congresso
Nacional nos próximos meses. "O aposentado já perde muito hoje no Brasil.
Na dúvida, preferi pendurar as chuteiras logo. Vai que o Governo só piora a
situação", diz Oliveira.
Recém-aposentados, ambos engrossam uma extensa lista de
trabalhadores, das iniciativas pública e privada, que vem crescendo desde que
Temer se tornou presidente. Os dados do Ministério do Planejamento mostram que
2016 tem registrado um recorde entre os funcionários que pedem aposentadoria.
Entre janeiro e agosto, o mês mais atual no boletim estatístico de pessoal da
pasta, foram 11.635, uma média mensal de 1.939. É a maior média desde 2003,
quando ocorreram as últimas mudanças drásticas na Previdência Social. Naquele
ano, a média mensal era de 1.496. Apenas para efeito de comparação, no ano
passado, a média era de 1.374, 42% menor do que neste ano.
Na iniciativa privada, os dados do Instituto Nacional de
Seguro Social (INSS) também demonstram um aumento nos pedidos. Em agosto deste
ano, 4,8 milhões de benefícios foram concedidos pelo INSS. O número é 11,6%
maior do acumulado nos últimos doze meses, conforme o Boletim Estatístico da
Previdência Social.
O aumento nas aposentadorias também fez com que a idade
média do aposentado do setor público tenha caído em um ano - de 60, para 59
anos. "Pique para trabalhar eu tenho. Mas preferi curtir um pouco mais a
vida. Já contribuí bastante para o país", afirma a professora Albuquerque.
Com a expectativa de vida do brasileiro crescendo a cada ano, a atual é de
aproximadamente 75 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o número de cidadãos beneficiados por períodos mais longos
com o dinheiro da previdência tende a crescer. Os especialistas em Previdência
já esperavam essa corrida pela aposentadoria.
Fonte: Tribuna Independente