BSPF - 10/11/2017
O Dia Nacional de Paralisação dos servidores, pontapé
inicial de uma série de protestos contra o pacote de medidas do governo, reuniu
cerca de 150 pessoas, de acordo com a Polícia Militar (500, nos cálculos dos
organizadores), entre funcionários públicos federais, estaduais, municipais e
militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). O público presente foi
restrito a ponto de todos conseguiram se acomodar na tenda do Espaço do
Servidor, no vão próximo ao Ministério do Planejamento, durante a manhã chuvosa
de sexta-feira. Apesar disso, os servidores comemoraram.
A baixa adesão já era esperada. “Esse é o primeiro ato das
carreiras do serviço público. Mesmo incipiente, tirou o funcionalismo e os
trabalhadores em geral da apatia. Já se começa a ver que a população percebe
que, se não lutar agora pelos seus direitos, mais tarde não terá mais direitos
por quê lutar”, destacou Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das
Carreiras de Estado (Fonacate). Para Jordan Pereira, presidente do Sindicato
Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), o impacto das últimas
medidas ainda não foi absorvido.
“É tudo muito recente e precisa de análise. Todos nós
achamos que é necessário um ajuste nas contas públicas, mas não dessa forma,
demonizando o servidor. O que o governo fez foi um retrocesso”, assinalou
Jordan Pereira. Ele disse que a impressão é de que o funcionalismo está sendo
vítima de “retaliação”, por ter investigado a fundo os casos de corrupção. Para
Maurício Porto, presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais Federais
Agropecuários (Anffa Sindical) somente o fato de se conseguir dar a largada nos
protestos já é uma vitória. “Nesse início dos trabalhos, o mais importante é
sentir que as pessoas estão incomodadas e começam a se mexer”, destacou.
O ato unificado com as centrais sindicais, no entanto, não
agradou algumas lideranças. Segundo Alex Canuto, presidente da Associação
Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental
(Anesp), os servidores não devem perder de vista o ponto central das demandas
históricas. “A pauta mais importante é o combate um governo corrupto que
distribui dinheiro com medidas parlamentares e ainda joga a conta para a
sociedade e para as carreiras meritocráticas”, reclamou
Os focos dos protestos foram postergação do reajuste
salarial de 2018 para 2019, elevação da alíquota previdenciária de 11% para
14%, da reestruturação das carreiras, com salário inicial máximo de R$ 5,1 mil,
Programa de Desligamento Voluntário (PDV), redução da jornada de trabalho e
licença incentivada, além do projeto de demissão de concursados por
incompetência. .
Centrais
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) fez atos isolados
das outras centrais sindicais. Rodrigo Britto, presidente da CUT-DF, explicou
que a separação das manifestações foi por discordância sobre a obrigatoriedade
da cobrança do imposto sindical. “Se podemos dizer que houve uma coisa boa
nessas mudanças, foi exatamente o fim do imposto sindical. Quem deve decidir se
vai colaborar é o trabalhador, nas assembleias, e não o governo”, destacou. Em
relação aos servidores, Britto salientou que é grande a insatisfação com a
medida (MP n° 805) que adia reajustes e eleva a contribuição previdenciária.
“Nós a chamamos de MP do Arrocho. É um retrocesso e, acima
de tudo, um calote, porque o governo já tinha acertado o reajuste de 2018”,
apontou Britto. Na manifestação, a central coletou assinaturas para um projeto
de iniciativa popular que pede a revogação da reforma trabalhista e da
subcontratação de mão de obra. Ao longo de toda a manhã, o movimento dos
servidores foi pacífico. Segundo o funcionalismo, o governo perdeu tempo e
dinheiro contratando a Força Nacional para garantir a segurança dos ministérios
do Planejamento e da Fazenda.
“Além dos salários que eles ganham m seus Estados de origem,
ainda recebem diárias que vão de R$ 177 a R$ 224”, alertou um manifestante. A
Somente no primeiro trimestre desse ano, o governo federal gastou R$ 38,7
milhões com diárias da Força Nacional — 80,9% a mais que no mesmo período de
2016 (R$ 21 milhões). Dessa vez, no entanto, de acordo com o Ministério da
Justiça “não houve custo adicional, nem transtornos à rotina, porque os
soldados já estavam em Brasília em treinamento ou em operação”. A princípio, a
segurança da Esplanada dos Ministérios cabe à Polícia Militar (PMDF).
Fonte: Blog do Servidor