O Dia - 11/02/2018
Especialistas orientam a não cair na tentação de juros
baixos e pegar dinheiro para gastos supérfluos
Rio - Pegar empréstimo pode ser a única alternativa para
quem está no vermelho, perdeu o emprego ou teve algum gasto de emergência. Das
modalidades de crédito, o empréstimo consignado, aquele que vem descontado no
contracheque, é o que tem juros mais em conta. São cobrados até 2,08% ao mês
para o empréstimo e 3% ao mês para o cartão. Mas especialistas advertem que é
preciso saber onde e como conseguir crédito, para não se afundar em dívidas e não
ter como pagar.
E acrescentam: por mais barata que seja a linha de crédito,
como no caso do consignado, não vale a pena pagar juros ao banco ou financeira
para o que não é urgente, como viajar, por exemplo.
A reforma da casa foi o que motivou a servidora pública
Cynthia Côrtes, de moradora de Araruama, a pegar o consignado no Banco do
Brasil. "O gerente sempre oferecia o dinheiro, até que precisei para fazer
uma obra em casa. Na época peguei o valor do que gastaria e parcelei em 36
vezes para não comprometer meu orçamento doméstico", diz. Ela conta ao DIA
que sempre que pode antecipa parcelas e com isso abate juros. "Já paguei
19", conta.
O alvo predileto de financeiras e empresas que oferecem essa
modalidade de crédito são os beneficiários da Previdência. "É muito comum
aposentados e pensionistas do INSS receberem ligações diárias com ofertas de
empréstimos consignados com promessas de ótimas taxas e condições de pagamento.
Diante de tantas ofertas e da necessidade de obter recursos para cumprir seus
compromissos, acabam virando presa fácil desse assédio", alerta Rogério
Braga, da DSOP Educação Financeira.
Diante do assédio e da "facilidade" de ter o
dinheiro na mão, é possível não se enrolar e arrumar mais dívida? Sim. Basta
seguir algumas dicas, como por exemplo, fazer um levantamento do que deve e o
que recebe para avaliar a real necessidade de obter o consignado; avaliar as
condições oferecidas e, principalmente, saber se vai ter condições de pagar a
parcela.
"Após a contratação do consignado, o padrão de vida
tende a ser reduzido, já que o valor das parcelas será descontado no
pagamento", aponta Braga. Outro ponto destacado pelo especialista é:
pesquise em outras instituições para obter melhores taxas.
Para se ter uma ideia, nas linhas de crédito para pessoa
física as taxas variam de 6% a 7%, segundo dados do Banco Central. Já o limite
do cheque especial (que vai de 10% a 12% ao mês) ou o cartão de crédito (13,5%
a 16% ao mês). O especialista ainda faz um alerta: "Não contrate por
telefone sem que leia o contrato de empréstimo e não envie dados por
telefone".
O QUE OBSERVAR ANTES DE FAZER UM EMPRÉSTIMO
PESQUISE ANTES DE CONTRATAR
Depois do financiamento de imóvel e de carro, o crédito
consignado é a modalidade de empréstimo com as taxas de juros mais baixas do
mercado. Esse tipo de crédito desconta as parcelas diretamente do salário ou
benefício do INSS, por isso, o risco para a instituição financeira é baixo. A
taxa média de juros do crédito consignado está em 2,08% ao mês, para o
empréstimo, e 3% ao mês para o cartão consignado. No entanto, fique atento.
Mesmo no crédito consignado, há grandes diferenças entre as taxas cobradas de
uma instituição financeira para outra.
É importante consultar a tabela antes de fechar contrato com
os 41 bancos conveniados que oferecem crédito consignado. No site da
Previdência é possível ver os juros cobrados (https://goo.gl/cwXBzi). As taxas
oferecidas no site contemplam todos os custos das operações de empréstimo com
desconto em folha, ou seja, o gasto efetivo do crédito.
BUSQUE TAXAS DE JUROS MAIS BAIXAS
Você pode pegar um empréstimo com taxas de juros mais baixas
para quitar uma dívida mais cara. "Isso não vai diminuir sua dívida, mas
vai fazer com que ela cresça em uma velocidade menor", explica a
economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
A pesquisa é essencial para saber onde vai pegar o
empréstimo. Isso porque as taxas aplicadas ao mês variam muito, segundo
levantamento feito pelo DIA no site do Banco Central.
Para crédito consignado do INSS a mais em conta está no
banco Santander, a 1,93%. Já o consignado para funcionários privados - neste
caso é preciso que a empresa tenha convênio com o banco - a menor está no banco
Safra (1,83%). Para funcionários públicos o Santander e o Bradesco tem juros
parecidos: 1,62% e 1,64%, respectivamente.
CUIDADO COM GOLPES, PRINCIPALMENTE ONLINE
Fique de olho em sites e aplicativos de empréstimo online,
que se disseminaram rapidamente nos últimos anos e prometem cobrar taxas mais
baixas do que os bancos tradicionais. Ao pegar empréstimo em um correspondente
bancário, procure saber quem é o banco ou financeira por trás que oferece o
crédito e se informar na internet sobre sua credibilidade.
"Esses correspondentes bancários têm crescido
absurdamente, com publicidade apelativa, mas eles não têm o mesmo compromisso
que os bancos e financeiras com a operação e a orientação financeira ao dar o
crédito", alerta e economista do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), Ione Amorim.
Segundo Ione, crescem os golpes ao contratar empréstimo
online. Se a empresa pedir adiantamento em dinheiro para cobrir supostas taxas
ou impostos, desconfie, pois essa prática não é comum no mercado.
COMPARE O CUSTO EFETIVO TOTAL
Os juros são apenas uma das taxas cobradas em operações de
crédito. Por isso, antes de contratar um empréstimo, é preciso comparar não
apenas essa taxa, mas o Custo Efetivo Total (CET) da operação.
O CET inclui todos os encargos cobrados pelo banco ou
financeira para emprestar dinheiro, como impostos, seguros e taxa de abertura
de cadastro. Nem sempre a instituição que oferece a taxa de juros mais baixa
tem o custo total mais barato. Os bancos e financeiras são obrigados a informar
o CET, segundo o Idec.
ORGANIZE SEU ORÇAMENTO PESSOAL
Contratar um empréstimo pode ser sinal de que a vida
financeira não anda lá muito bem. Neste momento, é preciso se questionar como e
por que chegou a esse ponto e fazer uma revisão de quanto gasta por mês e de
quanto ganha. Primeiro, organize o orçamento para quitar as dívidas e, depois
disso, comece a poupar para formar uma reserva de emergência e evitar de ter
que contratar novos empréstimos no futuro.
Por Martha Imenes