Agência Câmara Notícias
- 16/02/2018
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou nesta
sexta-feira (16), em entrevista coletiva, que a votação da autorização ou não
do decreto presidencial sobre intervenção federal na área de segurança pública
no estado do Rio de Janeiro restringe o calendário de votação da reforma da
Previdência (PEC 287/16). Maia lembrou que o decreto impede o Congresso de
aprovar emendas constitucionais, como a da Previdência, cuja retomada de
análise na Câmara estava prevista para a próxima segunda-feira (19). A
Constituição Federal não pode ser emendada durante a decretação de estados de
sítio, de defesa ou de intervenção federal.
Ele informou que Casa deve votar a autorização na
segunda-feira (19) à noite ou na terça (20) pela manhã. Assim que for votado, o
texto será encaminhado para votação pelos senadores. Segundo Maia, ainda será
analisado se durante a vigência do decreto a Câmara ficará impedida apenas de
votar emendas constitucionais ou se não poderá nem mesmo discuti-las.
Mesmo assim, o presidente da Câmara não acredita que seja
viável votar a reforma da Previdência após fevereiro. “O prazo-limite para
análise da reforma da Previdência é este mês”. De acordo com o presidente, a
previdência é uma pauta de fevereiro e vários parlamentares da base, mesmo
favoráveis ao texto da reforma, se sentem desconfortáveis em começar a votação
em março.
"Mesmo para aqueles que são a favor, não será um
desconforto pequeno começar a votar a previdência em março. Começando no final
de fevereiro, é outra coisa. Tem o ano eleitoral”, destacou. “Eu tenho
convicção do que eu defendo em relação à Previdência, mas não são todos os
deputados que vêm para o Congresso com uma pauta fiscal. Não posso exigir deles
a mesma compreensão que eu e outros temos. E a sociedade ainda é
majoritariamente contra a reforma da Previdência. O reflexo da opinião dos
deputados é o reflexo do seu eleitor", analisou o presidente.
Governadores
Maia informou ainda que está mantida uma reunião em Brasília
na próxima segunda-feira (19) com governadores para debater assuntos fiscais.
Segundo Maia, a agenda de redução das despesas do Estado brasileiro é
permanente e vai continuar. “Vou votar o decreto, mas vou continuar articulando
maioria para votar a reforma do Estado brasileiro”, disse o presidente.
O presidente negou que a edição e a votação do decreto de
intervenção seja uma “cortina de fumaça” de uma eventual derrota do governo na
votação da reforma.
“É um decreto de tamanha força, de tamanho risco, que eu
tenho certeza que ninguém, nem o presidente, poderia colocar esse tema para
retirar um outro tema. Uma decisão de intervenção em um estado brasileiro de
forma nenhuma pode ser motivo para você tirar o outro assunto da pauta, isso
não seria uma coisa responsável", disse.
Segurança pública
Mesmo mantendo uma discussão de uma agenda de ajuste fiscal,
Rodrigo Maia afirmou que discutir a pauta de segurança pública no País passa a
ser uma prioridade para a Câmara. Entre os projetos a serem discutidos e
votados em breve estão o anteprojeto a ser apresentado pelo ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que torna mais rígida a legislação
para tráfico de drogas e armas, e o que regulamenta artigo constitucional que
trata de sistema de integração da segurança pública no Brasil.
Maia disse ainda que não participou da elaboração do plano
de intervenção, mas que o importante era ter o reconhecimento por parte do
governador do estado, Luiz Fernando Pezão, de que era a única decisão a ser
tomada.
“A decisão de editar o decreto é contundente. O governador
do Rio de Janeiro acha que é o único caminho, por isso concordei com a
intervenção no estado”, disse o presidente.
Votação
Rodrigo Maia explicou que a votação de autorização ou não do
decreto de intervenção será feita por maioria simples e que será definido um
relator de Plenário, provavelmente algum integrante da atual composição da
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.