BSPF - 29/08/2018
Alternativa surge diante da clara situação de vantagem
profissional dos servidores públicos e do caos em que se encontra o país
Um dos maiores avanços tecnológicos que presenciamos no
século XX foram tanto a automação de processos quanto a introdução de
comunicação de dados aos processos industriais, comerciais e de serviços. Com
isso, os principais setores da economia ganharam rapidez, eficiência e
produtividade, já que a troca e obtenção de informações são realizadas em um
período mais curto de tempo, permitindo a tomada de decisões mais rápidas.
As influências que motivam uma instituição a adquirir novas
tecnologias criam cenários diferentes para o mercado onde ela atua, e as
consequências decorrentes dessas motivações se transformam em benefícios para
os negócios, pois permitem a ampliação a diversificação das atividades e a
automação de processos.
É o caso dos bancos, por exemplo, que passaram a realizar
transações por meio de plataformas seguras e eficientes conectadas à internet.
Como consequência, houve uma diminuição drástica no fluxo de pessoas que vão às
agências físicas, no entanto, sem diminuir o número de clientes, implicando
diretamente na necessidade de intermediários entre clientes e os serviços
oferecidos.
Nesse contexto, empregos como atendentes, ajudantes e caixas
perdem valor, pois o custo de manter um serviço online equivalente é mais
baixo, mesmo que isso exija um investimento inicial considerável. Muitas
demissões são decorrentes dessa desvalorização. Os avanços da tecnologia trazem
inovações em todos os setores, sendo que no setor de serviços, por exemplo,
alguns postos de trabalho estão sendo extintos pelo uso cada vez mais frequente
dos softwares, ou seja, profissões estão virando programas de computador.
Na esfera pública, também é possível automatizar diversos
serviços, como a declaração de imposto de renda, documentos, ocorrências de
trânsito e muitos outros.
Paradoxalmente, o Brasil tem mais de 2 milhões de servidores
públicos federais. O Poder Executivo é o que mais emprega, com 1.872.802
servidores trabalhando em todos os órgãos da administração pública direta,
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e Banco
Central, além dos militares. De acordo com o Instituto Fiscal Independente
(IFI), ligado ao Senado Federal, de 2007 a 2016, os gastos federais com Poderes
do Estado e Administração corresponderam a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB),
em média, ou cerca de 10% do gasto federal total.
Em 2016, a diferença de ganhos entre servidores e
trabalhadores do setor privado cresceu. Segundo o IBGE, foi o maior aumento da
série histórica iniciada em 2012. Enquanto, em 2015, o funcionário público
ganhava, em média, R$ 3.152 — 59,3% a mais do que um empregado regido pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) —, em 2016, esse índice chegou a 63,8%
(R$3.199 contra R$ 1.952).
Diante da clara situação de vantagem profissional dos
servidores públicos e diante da situação de caos em que se encontra o país,
aproveitando o momento das eleições, será que não está na hora de aproveitar as
vantagens tecnológicas e desinchar a máquina pública?
Afinal de contas, os sacrifícios decorrentes da diminuição
de postos de trabalho, retração do poder de compra e a falta de perspectivas
podem ser combatidos se cada um entrar com sua cota, mas o governo também tem
que fazer concessões, pois já não há mais de onde tirar da população.
Por Rudinei Santos Carapinheiro
Rudinei Santos Carapinheiro é country manager e diretor de
novos negócios da Skylane Optics
Fonte: Computerworld