Agência Brasil
- 30/08/2018
Impacto na folha do governo inclui elevação do limite
salarial
A suspensão do reajuste para 2020 havia sido sugerida pela
equipe econômica e geraria uma economia extra de R$ 6,9 bilhões, segundo o
governo. O aumento salarial escalonado foi aprovado em lei há mais de dois
anos, ainda na gestão de Dilma Rousseff. Mais R$ 243,1 milhões virão do impacto
que o reajuste nos vencimentos dos ministros do STF terá apenas sobre a folha
do Poder Executivo.
O impacto na despesa de pessoal vai ocorrer porque o salário
de ministro do Supremo, que está atualmente em R$ 33,7 mil, corresponde ao teto
do funcionalismo público, o que faz com que nenhum servidor receba mais do que
esse valor. Quando a remuneração do servidor ultrapassa, o governo aplica o
chamado “abate teto”, que é o desconto em folha de pagamento sobre benefícios e
gratificações que ultrapassam o limite máximo permitido para o salário.
Como o teto poderá aumentar, já que os magistrados do STF
aprovaram um aumento de 16% nos próprios salários, há cerca de duas semanas,
ocorrerá um efeito cascata beneficiando milhares de servidores que já ganham
acima do teto, e que terão um desconto menor sobre a folha. Apenas no Poder
Executivo, mais de 5,7 mil servidores estão nessa situação.
Se considerado o “efeito cascata” nos demais poderes e
também nas unidades da Federação, as despesas totais com salários de servidores
públicos de todo o país podem aumentar em até R$ 4 bilhões, segundo projeções
de técnicos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. No Poder Judiciário, o
impacto do reajuste dos ministros poderá ser de R$ 717 milhões ao ano, segundo
estimativas.
Teto de gastos
“O ajuste será feito de qualquer forma, porque o teto de
gastos baliza as metas fiscais a longo prazo. Dentro desses espectros, as
escolhas [de alocação de recursos] são feitas em um processo do regime
democrático, em que existem vários atores fazendo suas escolhas”, disse ontem a
secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi. A secretária
disse ainda que o governo terá mesmo de cortar verbas para bancar os reajustes
e reiterou que a discussão se aplica apenas à destinação de recursos, sem
alterar o volume total de gastos.