BSPF - 22/09/2018
Senadores criticaram veto do presidente da República ao
aumento do piso salarial dos agentes de saúde e de endemias que deve ser votado
em outubro pelo Congresso
Senadores e deputados devem analisar em10 de outubro o veto
do presidente da República, Michel Temer, ao piso salarial dos agentes
comunitários de saúde e de combate às endemias. A remuneração nacional estava
prevista no projeto de conversão oriundo da Medida Provisória (MP) 827/2018,
aprovado em julho pelo Congresso Nacional. Michel Temer sancionou a nova
regulamentação profissional da categoria, mas vetou os seis pontos que tratavam
do reajuste.
O texto aprovado pelo Congresso fixava a remuneração em R$ 1.250
a partir de 2019. Os agentes receberiam R$ 1.400 em 2020 e R$ 1.550 em 2021. A
partir de 2022, o piso seria reajustado anualmente em percentual definido na
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). De acordo com o Palácio do Planalto, a
proposta aprovada pelo Congresso criava despesas obrigatórias sem estimativa de
impacto orçamentário. Senadores criticaram a decisão do presidente. Flexa
Ribeiro (PSDB-PA) classificou o veto como “lamentável”: — Vamos derrubar o veto
que não deu a correção do piso salarial dos agentes comunitários, fazendo
justiça a eles, que são os nossos anjos da guarda no interior dos nossos
estados.
Para Cássio Cunha
Lima (PSDB-PB), a derrubada do piso salarial foi “mais um ato de
insensibilidade” do Poder Executivo: — Os agentes são a porta de entrada do SUS
[Sistema Único de Saúde], convivem diretamente com as comunidades mais remotas
e mais pobres deste país e prestam um serviço inestimável para a população
brasileira. O presidente nega o aumento para os agentes comunitários de saúde,
mas concorda com o aumento do teto dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Não é possível mais aceitar esse tipo de coisa no Brasil! Antonio Carlos
Valadares (PSB-SE) defendeu um “grande mutirão em favor dos agentes de saúde”:
— Vamos votar a favor dos agentes de saúde de todo o país. Estarei aqui.
A campanha para mim não importa. O que importa é fazer
justiça. Estarei ao lado de quantos estejam contra essa decisão, e a favor, sem
dúvida alguma, dessa categoria de segmento da saúde do Brasil, que merece todo
o nosso apoio. Na opinião de Vicentinho Alves (PR-TO), a presença dos agentes é
“importantíssima” em comunidades remotas do país: — Desde assentamentos,
aldeias indígenas e casas no campo chegando até às cidades, é de suma
importância a presença dos agentes de saúde. O piso salarial é praticamente
irrelevante. Vai se chegar a R$ 1.550. É tão pouco, que eu acho que não deveria
ter esse desrespeito do veto.
Também para Otto Alencar (PSD-BA), a decisão de Temer foi
“um equívoco”: — Não há por que o presidente vetar o projeto e proteger setores
que têm os salários altíssimos, dando aumentos muito além da inflação. Esse é o
grande equívoco do governo, que é um governo que bambeia. Não cai porque
ninguém quer nem tirar, de tão ruim que está, não tem nem como tirar. Os
agentes de saúde são um programa vitorioso, que evita muitas doenças.
Segundo Fátima Bezerra (PT-RN), o veto demonstra que o
Brasil está atravessando “tempos de retrocessos”. — Espero que o Congresso
Nacional tenha bom senso, dignidade e sensibilidade e simplesmente não
convalide esse veto cruel a 400 mil agentes comunitários de saúde e de combate
a endemias. Eles ganham um salário extremamente modesto, mas exercem um papel
essencial no contexto das ações de prevenção da saúde.
Fonte: Jornal do Senado