BSPF - 28/10/2018
A despeito do clima de incerteza na economia, por causa das
eleições presidenciais, os servidores públicos e os aposentados e pensionistas
do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continuam se endividando. E
muito. Dados do Banco Central mostram que, apenas neste ano, os débitos do
funcionalismo no crédito consignado aumentaram R$ 8,4 bilhões, totalizando, em
setembro, R$ 184,6 bilhões.
Entre os segurados do INSS, o crescimento das dívidas com
consignado nos nove primeiros meses do ano foi de R$ 10,1 bilhões, ou seja,
mais de R$ 1 bilhão por mês. No total, aposentados e pensionistas devem aos
bancos, apenas nessa modalidade de crédito, R$ 126,3 bilhões, também valor sem
precedentes na série histórica do Banco Central.
Segundo os especialistas, os bancos veem esse público como
de baixíssimo risco, uma vez que o contracheque é garantido. Ou seja, o risco
de calote é mínimo. O que precisa, acrescentam, é alertar contra o superendividamento.
Há casos entre servidores que as dívidas, incluindo o consignado, engolem até
80% do salário líquido.
Entre os aposentados e pensionistas do INSS, o pior está na
pressão que familiares exercem sobre os idosos, para que façam dívidas. Muitos
desses idosos, por sinal, são vítimas de violência. Há filhos e netos que
espancam os segurados do INSS para que entreguem as senhas bancárias. Registros
não faltam nas delegacias de polícia.
Chama a atenção ainda, no caso dos aposentados e
pensionistas do INSS, a relação incestuosa entre os bancos e o órgão público.
Muitas pessoas que dão entrada em pedidos de aposentadorias sabem primeiro
pelos bancos que os processos foram aprovados. Recebem uma enxurrada de
telefonemas oferecendo empréstimos.
Os órgãos de defesa dos consumidores estão atentos a esses
abusos. E recomendam aos que se sentirem aviltados pelos bancos que denunciem
abusos. Muitos não entendem como seus dados foram parar nas mãos de
instituições financeiras nos quais nunca tiveram conta-corrente.
Por Marília Sena
Fonte: Blog do Vicente