BSPF - 11/11/2018
Brasília - O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que,
se fosse o presidente Michel Temer, vetaria o reajuste de 16% sobre o salário
dos magistrados e da Procuradoria-Geral da República com base na Lei de
Responsabilidade Fiscal.
A afirmação foi feita hoje (10) em entrevista à Rede Record
de Televisão e a gravação foi publicada nas redes sociais de Bolsonaro.
Questionado pelo repórter, o futuro presidente disse que, se
a decisão estivesse em suas mãos, vetaria o aumento.
"Agora, está nas mãos do presidente Temer, não sou o
presidente Temer, mas se fosse, acho que você sabe qual seria minha decisão.
Não tem outro caminho, no meu entender, até pela questão de dar exemplo. Eu
falei antes da votação que é inoportuno, o momento não é esse para discutir
esse assunto. O Brasil está numa situação complicadíssima, a gente não suporta
mais isso aí, mas a decisão não cabe a mim. Está nas mãos do Temer. Eu, por
enquanto, sou apenas o presidente eleito", disse.
Jair Bolsonaro voltou a dizer que o STF "é a classe que
mais ganha no Brasil, a melhor aquinhoada", e que o reajuste do salário
dificulta o discurso a favor da reforma da Previdência. "E complica pra
gente quando você fala em reforma da Previdência, onde você vai tirar alguma
coisa dos mais pobres, você aceitar um reajuste como esse", afirmou.
O presidente eleito descartou que o Congresso vote esse ano
uma emenda constitucional para alterar a Previdência, o que demandaria a
suspensão da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.
Bolsonaro negou que vá usar a reforma da Previdência
apresentada por Temer e ressaltou que recebeu propostas de mudanças na
legislação infraconstitucional que já tramitam no Congresso, mas que só deve
apresentar uma proposta quando assumir o mandato.
"Se nós bancarmos uma proposta dessa e formos
derrotados [este ano], você abre oportunidade para a velha política vir pra
cima de nós. (...) Eu tenho que começar o ano que vem com a nossa proposta e
convencer os deputados e senadores a votar a nossa proposta. E tem que ser de
forma paulatina, não pode querer resolver de uma hora para outra essas
questões", disse.
Em outro momento da entrevista, o presidente eleito disse
que mudanças nas regras da aposentadoria devem respeitar os direitos adquiridos
dos trabalhadores.
"Nós temos compromisso, temos contrato, as pessoas
começaram a trabalhar lá atrás, ou já trabalharam, tinham um contrato, e você
tem que cumpri-los, do contrário você perde a sua credibilidade", afirmou.
Sobre a questão fiscal, afirmou que orientou sua equipe
econômica para aumentar a arrecadação sem elevar impostos. Disse, ainda, que
vai buscar maior abertura comercial para o país como forma de estimular a
economia.
"A situação é crítica. Eu apelo a todos. Nós não
queremos que o Brasil se transforme numa Grécia [que enfrentou recentemente
grave crise econômica]. E a tendência, se nada for feito, e não tivermos a
colaboração de todos, sem exceção, nós chegaremos a esse ponto", afirmou.
Balanço da transição
Na entrevista, o presidente eleito fez um balanço dos
primeiros dias de transição de governo e as visitas institucionais que realizou
na última semana, como o encontro com o presidente Temer, comandantes
militares, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli e uma solenidade
no Congresso Nacional, além da visita na qual recebeu embaixadores de vários
países.
Ao comentar a indicação da deputada federal Tereza Cristina
(DEM-MS) para o Ministério da Agricultura, ele observou o fato de atender uma
demanda da bancada do setor no Congresso Nacional.
"Pela primeira vez na história da Câmara, tivemos uma
ministra indicada pelos parlamentares do agronegócio e da agricultura familiar.
Geralmente, aquele ministério ficava com um partido e atendia apenas os seus
filiados", finalizou.
Fonte: Agência Brasil