Metrópoles - 15/11/2018
Grace Mendonça tem apoio de militares e aliados do presidente
eleito. Posto é estratégico para enfrentamento político do governo
A advogada-geral da União, Grace Mendonça, é considerada um
nome forte para permanecer no posto que ocupa atualmente e estar à frente da
defesa do governo Jair Bolsonaro, segundo aliados e auxiliares diretos do
presidente eleito. A manutenção no cargo, porém, contrariaria a disposição do
presidente eleito em renovar totalmente a Esplanada dos Ministérios.
A equipe de transição de governo já recebeu alertas sobre o
enfrentamento político que o novo governo terá que encarar. As contestações à
indicação do juiz federal Sérgio Moro para o Ministério da Justiça, sobretudo
por parte do PT, serviram como um indicativo da batalha jurídica que se
avizinha.
Desde o fim da gestão Dilma Rousseff, o vai e vem de
decisões liminares envolvendo nomeações de ministros nos últimos tempos ainda
assombra a memória do Palácio do Planalto. A atuação da AGU é determinante em
situações como essa.
Além de ter um perfil técnico e ser servidora de carreira,
Grace Mendonça mantém trânsito fácil e boa interlocução nos tribunais
superiores, critérios considerados fundamentais para o comando da AGU.
A advogada-geral da União desfruta ainda de prestígio entre
políticos próximos a Bolsonaro, como a recém-indicada ministra da Agricultura e
uma das lideranças da bancada ruralista no Congresso, Tereza Cristina. Grace
Mendonça também conta com o apoio da atual cúpula das Forças Armadas.
Outro termômetro considerado pela equipe de transição para
analisar o futuro da AGU envolve a relação do Palácio do Planalto com o
Judiciário. Bolsonaro tem evitado se indispor com os magistrados em meio aos
embates a partir da aprovação pelo Congresso Nacional do aumento da remuneração
de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do procurador-geral da
República.
O presidente eleito também tem procurado demonstrar boa
vontade com a cúpula do Judiciário. Ao iniciar a série de reuniões com os
presidentes de tribunais superiores durante as últimas passagens por Brasília,
Bolsonaro chegou a afirmar que consultaria o presidente do STF, ministros Dias
Toffoli, antes de tomar decisões de governo.
Em outra frente, o Fórum Nacional da Advocacia Pública
Federal tenta emplacar um novo nome para o posto de comando da AGU.
Uma lista tríplice com sugestões de nomes – resultante de processo eleitoral interno
das carreiras de procurador da Fazenda Nacional, advogado da União e procurador
federal – foi enviada nesta semana à equipe de transição de governo. A nomeação
para o comando da AGU, entretanto, é atribuição exclusiva do presidente da
República.
Por Bruno Peres e Ian Ferraz