Veja - 23/11/2018
Em órgãos essenciais como INSS, Anvisa e Fiocruz, cerca de
30% do funcionalismo já pode se aposentar - e o quadro tende a piorar
Na gerência executiva do Instituto Nacional da Previdência
Social (INSS) de São Paulo, localizado no centro da capital paulista, o cidadão
pode sentir na pele as dificuldades vividas no dia-a-dia das repartições
públicas. Esperas superiores a duas horas, contribuintes irritados com mesas
vazias e muita desorganização. Os servidores que ali estão até tentam tratar os
contribuintes, idosos em sua maioria, de forma digna. Mas a dificuldade em dar
vazão a tanto trabalho impede a prestação adequada do serviço.
Órgãos essenciais como INSS, Anvisa, Ibama, universidades
como a Federal do Rio de Janeiro (URFJ) e fundações como a Fiocruz sofrem há
anos com as reduções dos quadros de funcionários e estão com um alto número de
servidores aptos a se aposentar. Alguns desses órgãos têm mais de um terço de
seus quadros nessas condições. Com a pressão que a Reforma da Previdência deve
exercer sobre o funcionalismo, gestores afirmam que uma corrida rumo à
aposentadoria já está acontecendo.
Além disso, os pedidos de concursos públicos
feitos ao Ministério do Planejamento estão sendo negados ou nem mesmo resposta
recebem. A crise fiscal é o maior impulsionador deste quadro. De acordo com um porta-voz
do Ministério, a restrição orçamentária impede novas contratações no curto
prazo. A maior parte dos pedidos de concursos já foi negada e não há previsão
de novo concurso federal.
De acordo com Ernesto Lozando, o presidente do Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), nos próximos 12 anos, metade do
funcionalismo público estará apta a se aposentar. E o problema afeta não só os
órgãos federais, mas os estaduais e os municipais também. “A maior parte dos
servidores estaduais e municipais são professores. Até reciclar esse pessoal
todo, como vai ficar a qualidade do serviço público?”, questiona Lozardo. Hoje,
essa relação está em 17% no âmbito federal, mas chega a passar de 70% em alguns
órgãos importantes.
O INSS, por exemplo, tem 34,3% de sua força de trabalho apta
a se aposentar. São 11.369 servidores de um total de 33.133. O serviço, que
segundo o próprio presidente da entidade, Edison Garcia, já é precário devido à
falta de contingente, corre o risco de colapsar. O instituto responsável por
receber e avaliar todos os pedidos de aposentadoria, salários-maternidade e
pensões do país, tem de manter fechadas agências porque não tem...
Leia a íntegra em Aposentadoria de servidores pode causar‘apagão’ no serviço público