BSPF - 22/12/2018
O Ipea lançou nesta semana uma plataforma inédita que reúne
dados de duas décadas sobre o serviço público brasileiro
São Paulo – Entre os servidores públicos, quem ganha mais: o
Judiciário, o Legislativo ou o Executivo? E será que muda algo se passarmos de
um nível federativo para outro?
Para ajudar a responder a essas perguntas com facilidade e
sem confusão, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta
semana uma plataforma inédita que reúne dados de duas décadas sobre o serviço
público brasileiro.
O Atlas do Estado Brasileiro junta as informações do Tesouro
Nacional, IBGE, Ministério do Trabalho e Ministério do Planejamento de 1995 a
2016.
Nesse período, o total de servidores ativos, civis e
militares, aumentou de aproximadamente 7,5 milhões para 12 milhões. No setor
privado, o aumento foi de 27,1 milhões para 55,12 milhões.
Segundo o estudo, em 2017, o país gastou R$ 725 bilhões com
os servidores ativos, o que corresponde a 10,7% do PIB (Produto Interno Bruto).
Com os dados, é possível analisar o tamanho de cada esfera
do Estado nessa conta e compará-las entre si.
Entre os três poderes, considerando apenas a última década,
o judiciário tem as maiores remunerações. E os salários federais também são os
maiores. Assim, com uma média de 16 mil reais mensais, o Judiciário federal
possui o maior salário do funcionalismo.
Apenas na esfera federal, isso representa o dobro do que
ganha, em média, um funcionário estadual do mesmo poder. Já no Legislativo
federal, os salários no período foram equivalentes a 90% da remuneração do
Judiciário, em torno de R$ 14,3 mil.
Os menores salários médios, avaliando todos os poderes e
níveis de administração, estão no Executivo municipal. Em dez anos, essa média
subiu de 2 mil para 3 mil reais. No Legislativo municipal, o valor foi de R$
3,6 mil para R$ 4,5 mil, no mesmo período.
Remuneração média dos servidores do poder Executivo (em
2016):
Federais: R$ 8,1 mil
Estaduais: R$ 5 mil
Municipais: R$ 3 mil
Não é coincidência que os três concursos públicos mais
procurados são para órgãos federais. Segundo levantamento do Gran Cursos
Online, mais de 2 milhões de candidatos procuraram a prova para trabalhar no
Ministério Público da União (MPU).
Na sequência, aparece o concurso da Polícia Federal, com 1,2
milhões de interessados, e da Polícia Rodoviária Federal, que atraiu 1,16
milhões.
Um fator que não muda entre as esferas é a desigualdade de
salários entre homens e mulheres. Mesmo representando a maioria dos funcionários,
com 66% do total em 2016, as mulheres ganham menos nos três níveis de governo e
nos três poderes. A única variável é o tamanho da diferença salarial.
Segundo o estudo, a diferença é causada pela maioria
feminina em carreiras e ocupações com menor remuneração. Também foi observado
um maior número de homens em cargos de alto escalão, com uma ampliação recente
na proporção de mulheres.
No Executivo civil federal, por exemplo, homens ganham 14% a
mais que as mulheres, na média de 2007 a 2016.
Por Luísa Granato
Fonte: Revista Exame