Agência Câmara Notícias
- 18/03/2019
Presidente da Câmara defende a aprovação da reforma da
Previdência como parte de um processo de revisão dos gastos orçamentários
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defendeu
nesta segunda-feira (18) a aprovação da reforma da Previdência como parte de um
processo de revisão dos gastos orçamentários do País.
Para Maia, o orçamento público federal foi “capturado” ao
longo dos últimos 30 anos por corporações públicas e privadas que, reunidas em
grupos de pressão, fizeram lobby e acabaram garantindo benefícios junto ao
Estado brasileiro.
“A cada ano que passa, os políticos chegam ao Parlamento e
têm menos capacidade de atender a sociedade como um todo. Só os grupos de
pressão sobrevivem. Na hora de conseguir um aumento, são sempre as principais
categorias que conseguem”, criticou Maia. Ele participou nesta segunda-feira de
seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, para
debater a reforma da Previdência.
Estado inviável
“Construímos nos últimos 30 anos um Estado inviável,
impossível de continuar existindo. Ou a política reconstrói as despesas ou o
divórcio da política com a sociedade vai ficar cada vez maior”, acrescentou.
Rodrigo Maia sustentou ainda a tese de que muitas pessoas
criticam a reforma da Previdência acusando-a de ser contra a população. “A
gente está debatendo Previdência e parece que a gente está contra as pessoas.
Os servidores públicos, muitas vezes, atacam uma reforma que é a favor deles”,
disse.
Na avaliação do presidente da Câmara, o Congresso tem a
obrigação de descontruir o modelo de valorização do servidor público adotado ao
longo dos últimos anos. Para Maia, ao reduzir a poucos anos a distância entre o
piso e o teto remuneratório, esse modelo acabou definitivamente com a
meritocracia no serviço público brasileiro.
“Quando você já está no teto [remuneratório], vai todo mundo
querer construir algo novo para se remunerar”, disse Maia, criticando propostas
que preveem ganhos por produtividade na administração pública. “Servidor
público deveria entender que a carreira deveria ser a carreira, sem
bonificação. Bonificação é para o setor privado.”
Convencimento
Maia comentou ainda o processo de convencimento de
parlamentares para viabilizar a aprovação da reforma da Previdência pelo
Congresso. “Tenho dito ao ministro Paulo Guedes [Economia] que, infelizmente,
nós não temos 320 liberais no Parlamento. Será uma construção mostrar aos
parlamentares que não tem a agenda de reformas que essa agenda da Previdência é
o que vai gerar condições para que o Estado volte a investir na qualidade de
vida das pessoas. Senão, nós vamos continuar tirando da sociedade para atender
a poucas pessoas, que são aqueles que conseguiram capturar o orçamento público
brasileiro”, disse Maia.