Correio Braziliense
- 20/04/2019
Dificuldade financeira de algumas operadoras que atendem a
servidores e empregados de estatais deve onerar trabalhadores e Tesouro
Nacional. Para Ministério da Economia, novos aportes para custeio podem ser
inviáveis devido à legislação
A situação dos planos de saúde de servidores e de estatais é
delicada. Operadoras com rombos crescentes exigem aportes extras de conveniados
e de empresas controladas pelo Tesouro Nacional. A Cassi, do Banco do Brasil,
por exemplo, está a um passo de sofrer intervenção da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS). No início deste mês, funcionários do Banco Central pararam,
por duas horas, em protesto contra o pagamento de um valor adicional dos
seguros para conseguir sustentar o BC Saúde. O Ministério da Economia alertou
que, por conta da crise fiscal, novos aportes para custeio de planos de saúde
podem não ser mais viáveis.
No caso da Cassi, o balanço financeiro registrou rombo
patrimonial nos últimos três anos. Os prejuízos foram de R$ 159,4 milhões, R$
206,2 milhões e R$ 377,7 milhões em 2016, 2017 e 2018, respectivamente. Isso
assusta os associados, que veem com receio o futuro da empresa. É o caso do
analista de sistemas Jocione Rodrigues, de 48 anos. “A gente fica preocupado
com a possibilidade de talvez ter que contribuir com um valor mais alto e ficar
inviável ter plano de saúde. Atualmente, não tenho plano particular, e não
estou pensando em adquirir um tão cedo”, disse.
O filho dele, Filipe Santos, 28, também utiliza o serviço
para a família. “Tenho filho pequeno, acaba que preciso levá-lo a muitas
consultas, então utilizo bastante o plano. A gente fica inseguro de saber que
pode estar em risco de alguma forma”, afirmou. O Correio revelou que a ANS está
a um passo de intervir na Cassi. De acordo com documentos, assinados pelo
diretor de Norma e Habilitação das Operadoras da agência, Leandro Fonseca da
Silva, há um pedido para que se realize uma direção fiscal na Cassi, com
objetivo de averiguar a situação financeira da empresa.
Rodrigo Araújo, advogado especializado em direito à saúde,
explicou que o consumidor precisa ficar em alerta. “Toda vez que há essa
ameaça, o segurado já tem que procurar outra operadora. O problema é a falta de
opção. E o histórico mostra que a falência de empresas é pior para o
consumidor, porque as outras operadoras não sentem vontade em adquirir a
carteira com as mesmas condições de planos. Cabe, no fim, a portabilidade
extraordinária, em que o consumidor procure no mercado uma outra operadora, sem
garantia da mesma rede credenciada ou de preços”, destacou.
Em nota, a Cassi informou que vem honrando seus compromissos
com todos os prestadores e fornecedores de serviços. “Em 2018, por exemplo, a
governança da Cassi implementou diversas ações com o objetivo de elevar a
eficiência da atuação, preservando a qualidade da assistência prestada”, informou.
A empresa encerrou o exercício de 2018 com um total de 680.588 participantes,
incluindo titulares e dependentes, nos planos em que opera.
Preocupação
Os problemas financeiros de operadoras que atendem a órgãos
públicos e estatais não é recente. A Geap e a...
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