BSPF - 01/05/2019
O decano Celso de Mello derrubou censura à rádio Jovem Pan
em ação movida pelo ministro Joel Ilan Paciornik, do STJ, contra a exposição de
seu contracheque por Marco Antonio Villa durante programa.
O comentário de Villa que motivou a ação foi o seguinte:
“Joel Ilan Paciornick, não sei quem é esse senhor, ministro
do Superior Tribunal de Justiça, no mês passado, esse senhor, estou me
referindo a maio, este senhor, sabe quanto foi retido por teto constitucional
no holerite dele? Zero! Sabe o quanto ele recebeu? R$ 118 mil! Eu quero saber
por que esse homem ganhou isso? Sabe qual é a sacanagem, que eu acabei de
falar? Vantagens eventuais: sabe quanto de vantagens eventuais que ele recebeu?
É a denominação que está no holerite: R$ 65 mil! E teve indenizações, no
plural: R$ 20 mil. E tem uma outra sacanagem! É que o subsídio total é de R$
118.412,00. Sabe quais descontos ele recebeu? R$ 16.937,92, porque tem uma
outra sacanagem! Esse imposto de renda só vai incidir sobre o salário.”
A censura foi decretada em primeira instância e confirmada
na segunda, mas revogada liminarmente por Cármen Lúcia. Nesta segunda-feira,
Celso de Mello confirmou a decisão da colega, afirmando que o Estado –
inclusive o Judiciário – “não tem poder algum sobre a palavra”.
“Essa garantia básica da liberdade de expressão do
pensamento, como precedentemente mencionado, representa, em seu próprio e
essencial significado, um dos fundamentos em que repousa a ordem democrática.
Nenhuma autoridade, nem mesmo a autoridade judiciária, pode prescrever o que
será ortodoxo em política – e em outras questões que envolvam temas de natureza
filosófica, ideológica ou confessional – ou estabelecer padrões de conduta cuja
observância implique restrição aos meios de divulgação do pensamento, como
sucede, p. ex., nas hipóteses em que o Judiciário condena o profissional de
imprensa a pagar indenizações pecuniárias de natureza civil, muitas vezes
arbitradas em valores elevados que culminam por inibir, ilegítima, indevida e
inconstitucionalmente, o próprio exercício da liberdade fundamental de
expressão do pensamento.”
Fonte: O Antagonista