Correio Braziliense
- 12/05/2019
Depois das derrotas da última semana, no Congresso, tsunami
preconizado pelo presidente Jair Bolsonaro pode ser a volta da estrutura
vigente na administração de Michel Temer. Parlamentares já se movimentam para
indicar nomes para as pastas
Ao prever um “tsunami” rumo à administração pública, o
presidente Jair Bolsonaro fez referência à possibilidade de recolocar na
Esplanada os 29 ministérios de Michel Temer, e o Congresso já se movimenta para
indicar nomes de possíveis ministros. Durante a campanha, Bolsonaro prometeu
cortar a pompa do governo. Voltar à máquina inchada, no meio de um início
turbulento de gestão, soará como uma decisão impopular para os brasileiros,
dizem técnicos palacianos. Para eles, o povo quer ver o enxugamento mais
contundente da administração pública — uma maneira de facilitar, inclusive, o
discurso sobre “corte de privilégios” na reforma da Previdência.
“Estamos governando. Alguns problemas? Sim, talvez tenha um
tsunami semana que vem (nesta semana). Mas a gente vence esse obstáculo aí com
toda certeza”, disse Bolsonaro na última sexta-feira. Se a reformulação ocorrer
de fato, por causa da expiração da Medida Provisória 870, em 3 de junho, o novo
desafio do Planalto será a distribuição de cargos, que poderá ocorrer, ou não,
com apoio do Congresso. Parlamentares esperam ganhar seu quinhão, e o governo
terá, novamente, que descolar essas negociações da “velha política”, mecanismo
que o presidente combate sem apresentar uma solução para o que seria a “nova
política”.
“Aumentar o número de ministérios era algo que traria certa
dificuldade, mas um rearranjo desse nível enfraquece até o discurso do
presidente. Ele disse que até 15 ministérios eram suficientes. Terminou optando
por colocar 22. Se aumentar, será ruim para o governo”, diz o professor de
ciência política da Universidade Estadual de Goiás Felippo Madeira. Ao falar
sobre a estrutura da Esplanada, o especialista afirma que “não dá para querer
cortar gordura de um lado (na Previdência) e arranjar apoio para essa medida
inflando o governo — que precisa de um equilíbrio nas contas e é o motivo
principal dessa mudança”.
Inevitavelmente, as mudanças atingem os chamados
“superministros” da Justiça, Sérgio Moro, e da Economia, Paulo Guedes — cujo
apelido entre os colegas é “o czar”. “Para se fazer o planejamento com mais
sete ministérios, será necessário esvaziar alguns dos que já existem. Se não,
não se justifica. Retirando poder, esse papo de ‘super’ acaba jogado fora, bem
ali no canto da sala”, acredita o analista de políticas públicas da HC7
Pesquisas Carlos Alberto Moura. A mudança ocorre em um momento especialmente delicado para o...
Leia a íntegra em 'Tsunami' preconizado por Bolsonaro trará de volta 29 ministérios