BSPF - 15/06/2019
Relator cedeu às ‘pressões corporativas’ dos servidores do
Legislativo, afirma Paulo Guedes
Ministro aponta que economia esperada cai de R$ 1,2 trilhão
para R$ 860 bilhões em 10 anos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta
(14), no Rio de Janeiro, que o relatório apresentado pela Comissão Especial da
Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados teve um recuo na regra de
transição que pode “abortar a Nova Previdência”.
“Houve um recuo que pode abortar a Nova Previdência.
Pressões corporativas dos servidores do Legislativo forçaram o relator a abrir
mão de R$ 30 bilhões para os servidores do Legislativo, que já são favorecidos.
Recuaram na regra de transição. Como isso ia ficar feio, estenderam também para
o regime geral. Isso custou R$ 100 bilhões”, disse Guedes, em entrevista depois
de evento no Consulado da Itália.
Segundo ele, com as mudanças propostas no documento, a
economia esperada com a reforma cai de R$ 1,2 trilhão em dez anos para cerca de
R$ 860 bilhões no mesmo período. “Entregamos [a reforma] com uma economia
prevista de R$ 1,2 trilhão. Eu esperava que cortassem o BPC e o rural. Com R$ 1
trilhão, conseguiríamos lançar a Nova previdência. Mas na verdade, cortaram R$
350 [bilhões, da economia de R$ 1,2 trilhão prevista inicialmente]”, explicou.
Alterações
O ministro disse que ainda não criticaria as mudanças porque
ele ainda está esperando pela tramitação no Congresso. “Vou respeitar a decisão
do Congresso. Agora, se aprovarem a reforma do relator, abortaram a reforma da
Previdência”, disse. “Continuam com a velha Previdência”, afirmou.
Segundo Paulo Guedes, os R$ 860 bilhões de economia seriam
suficientes para evitar problemas na reforma durante o atual governo, mas, para
evitar problemas no futuro, seria necessário fazer uma nova reforma daqui a
cinco ou seis anos.
Sobre a retirada da proposta de capitalização da Previdência
do relatório, Guedes disse que, diante da redução da economia esperada (de R$
1,2 tri para R$ 860 bi), a questão da capitalização não faz muita diferença.
“Achei redundante tirar a emenda de capitalização. Se fizer
só R$ 860 bi, já é uma declaração do relator que as conversas estão indicando
que não há desejo da Nova Previdência”, acrescentou.
Sobre as manifestações de hoje contra a reforma da
Previdência, o ministro da Economia disse apenas que protestos deveriam ser
feitos sábado ou domingo para evitar engarrafamentos nas cidades. (ABr)
Fonte: Diário do Poder