domingo, 18 de agosto de 2019

União deve vetar reajustes salariais aos servidores públicos em 2020


O Dia     -     18/08/2019




Comissão Mista aprovou LDO do próximo ano incluindo previsão de aumentos, mas técnicos do governo indicam que não há recursos para isso

O Congresso Nacional deu um passo que abre caminho para a concessão de reajustes salariais ao funcionalismo federal em 2020. A Comissão Mista de Orçamento aprovou em 8 de agosto o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020, incluindo no parecer a possibilidade dos aumentos. O texto ainda tem que ser apreciado pelo Plenário do Congresso — sessão conjunta da Câmara e do Senado. Mas mesmo que o Parlamento dê o sinal verde, a indicação de técnicos do governo Jair Bolsonaro é negativa para a medida.

Aliás, o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, já discursou algumas vezes nesse sentido. Ele afirmou que governos anteriores contrataram funcionários públicos em excesso e, segundo ele, concederam reajustes "ferozmente".

Em entrevista à Coluna, o secretário de gestão e desempenho de pessoal — órgão vinculado ao Ministério da Economia —, Wagner Lenhart, afirmou que não há espaço orçamentário para aumento de despesas com a folha salarial no próximo ano. Questionado se o governo vai vetar esse item da LDO 2020 (se aprovado no plenário), Lenhart ponderou, no entanto, que a decisão é da Presidência da República. Mas reforçou a tese de Guedes, já indicando qual deve ser a decisão do Executivo.

"Isso é uma deliberação que a Casa Civil e o presidente realizam. Nossa recomendação técnica, e não é só nossa, é da Secretaria de Orçamento e Finanças, é de que não haja reajustes ano que vem por falta de recursos", declarou o secretário.

Lenhart disse ainda que "uma coisa é ter a previsão, outra coisa é ter a disponibilidade para isso". "Em especial, porque a gente tem o compromisso de cumprir a meta e o teto.

Então, mesmo que haja previsão, ainda assim a medida fica dependendo da nossa capacidade de suportar isso com a arrecadação que a gente vai ter no ano que vem".

Escalonados

Algumas categorias da União receberam reajustes recentemente. Ao todo, 253 mil servidores ativos e aposentados de carreiras como de médicos peritos do INSS, auditores fiscais da Receita Federal, Polícia Federal, área de Finanças e Controle, entre outras, firmaram acordos em 2016 com o Executivo garantindo o pagamento de índices escalonados em quatro anos — até 2019.

Segundo o Ministério da Economia, com as reposições, o governo teve um aumento de suas despesas com servidores civis de R$ 4,4 bilhões, em 2018, e R$ 4,7 bilhões, em 2019.

Categorias querem negociação

De cerca de 1 milhão de servidores ativos (622.335) e aposentados (415.752), o último reajuste salarial alcançou 253 mil vínculos. Agora, outras carreiras do funcionalismo federal que não foram contempladas com os aumentos defendem a valorização do setor e diálogo com o governo Bolsonaro.

Presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques disse que 80% dos servidores federais estão sem reposição salarial há dois anos. "É importante que haja a retomada das mesas permanentes de negociação para questões salariais e outros assuntos envolvendo o funcionalismo, como a Reforma da Previdência", afirmou.

Os últimos reajustes concedidos, na verdade, quase 'subiram no telhado'. Os aumentos foram fruto de acordo no governo Dilma. E em outubro de 2017, o então presidente Michel Temer editou a Medida Provisória 805, adiando de 2018 para 2019 uma parcela do aumento. Várias ações foram apresentadas ao STF, e o ministro Ricardo Lewandowski suspendeu os efeitos da MP por liminar.

Então, em 2018, Temer publicou a MP 849, postergando de 2019 para 2020 a última parcela do reajuste. E o ministro Lewandowski deu a mesma decisão do ano anterior, garantindo o aumento.

Concursos também na LDO

A autorização para a realização de concursos pela União também foi incluída na LDO 2020 pela Comissão Mista de Orçamento. Wagner Lenhart disse à Coluna que, daqui para frente, contratações de novos servidores só ocorrerão "em...



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