BSPF - 24/09/2019
Na audiência pública na Câmara dos Deputados para tratar de
metas, reflexos na qualidade do serviço e impactos na concessão dos benefícios
para a sociedade, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), coordenada
pelo deputado federal Carlos Veras (PT-PE), houve denúncias de que os
resultados do INSS Digital – criado com o pretexto de economizar tempo e
dinheiro para o cidadão e para a autarquia -, na prática, principalmente no
interior do país, não são tão bons quanto a autarquia tenta mostrar.
Uma servidora do INSS, da Região Nordeste, destacou que
muitos segurados não têm acesso à internet e acabam “seduzidos” por advogados
que atuam na porta das agências e cobram para agendar serviços e facilitar a
vida de pessoas que ganham um salário mínimo (R$ 998). “Uma mulher teve que
pagar R$ 1,5 mil para conseguir que outra pessoa entrasse para ela no sistema”,
denunciou.
Moacir Lopes, diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores
em Saúde, Trabalho e Assistência Social (Fenasps), lembrou que o INSS tem 40%
do seu quadro de aposentados. Somente em 2019, dos aproximadamente 22,8 mil
ativos, 7 mil se aposentaram, sem reposição, devido à proibição do governo para
novos concursos. “Temos 1,8 milhão de processos no INSS. Mais de 200 mil deles
são de Benefício de Prestação Continuada (BPC). O sistema digital acontece em
uma situação em que 35% das pessoas no país não têm acesso à internet e 38
milhões de pessoas são analfabetos”, disse Lopes.
Adoecimento
De acordo com Moacir Lopes, até dezembro de 2018, oito mil
trabalhadores estavam afastados por licença médica, por mais de 30 dias.
Pesquisa feita pela professora Ana Mendes, do Departamento de Psicologia Social
do Trabalho (PST), da Universidade de Brasília, em Pernambuco, para avaliação
dos efeitos físicos e psicológicos dos servidores, concluiu que os funcionários
do INSS “estão com a saúde mental em grave risco, e nível crítico”.
“Os resultados mais alarmantes se referem ao esgotamento
mental, à falta de reconhecimento e à falta de sentido no trabalho: 68% dos
servidores apresentam sofrimento patogênico, 30% ainda estão resistindo, mas a
tenência é de um agravamento e de uma possível epidemia ou crise da saúde
mental”, destacou a professora. Fábio Nascimento, diretor do INSS, ao
contrário, apresentou um balanço para mostrar “o sucesso da gestão da
autarquia”. Segundo ele, o INSS tem 90 milhões de segurados e 36 milhões de
beneficiários. “Se fôssemos um país, seríamos o quarto país do mundo”, afirmou.
Pelos dados do INSS, a autarquia tem em torno de 24 mil
servidores. São pagos R$ 49 bilhões em benefícios por mês. O INSS recebe 1
milhão de requerimento todos os meses e faz 3,8 milhões de atendimentos
presenciais. “Os serviços que agora são digitais trouxeram economia de R$ 147
milhões para o cidadão e de R$ 653 milhões para os segurados”, garantiu
Nascimento.
Fonte: Blog do Servidor