Agência Câmara Notícias
- 23/10/2019
Comissão especial aprova reforma das aposentadorias de
militares, PMs e bombeiros
Foram incluídos no texto pleitos dos praças das Forças
Armadas e dos policiais militares e bombeiros militares dos estados e do
Distrito Federal
Foi aprovado o texto-base da proposta de mudanças no sistema
de proteção social dos militares (PL 1645/19). A comissão especial da Câmara
dos Deputados que analisa o tema volta a se reunir na próxima terça-feira (29)
para votar destaques. Todos tratam de mudanças na remuneração das Forças
Armadas.
Depois de acordo nesta quarta-feira (23), o relator,
deputado Vinicius Carvalho (Republicanos-SP), fez concessões de última hora e
incorporou pleitos dos praças das Forças Armadas – soldados, cabos, sargentos e
subtenentes, entre outros – e dos policiais militares e bombeiros militares dos
estados e do Distrito Federal. A iniciativa amenizou as resistências no
colegiado e possibilitou a aprovação.
No caso dos praças das Forças Armadas, havia reclamações de
que a proposta favorecia demasiadamente os oficiais. O relator concordou em
alterar o texto original do Poder Executivo para que qualquer militar em cargo
de comando, direção e chefia de organização militar tenha direito, conforme
regulamento, a uma gratificação de representação. Antes isso era restrito
apenas aos oficiais.
Fora esse ponto, o relator manteve quase que integralmente
os trechos do texto original, que trata de Exército, Marinha e Aeronáutica.
Para passar à inatividade, o tempo mínimo de serviço subirá dos atuais 30 para
35 anos, com pelo menos 25 anos de atividade militar, para homens e mulheres. A
remuneração será igual ao último salário (integralidade), com reajustes iguais
aos dos ativos (paridade).
As contribuições referentes às pensões para cônjuge ou
filhos, por exemplo, aumentarão dos atuais 7,5% da remuneração bruta para 9,5%
em 2020 e 10,5% em 2021. Pensionistas, alunos, cabos e soldados e inativos
passarão a pagar essa contribuição, que incidirá ainda nos casos especiais,
como os em decorrência de serviços prestados, a exemplo de ex-combatentes na
Segunda Guerra Mundial.
PMs e bombeiros
Em linhas gerais, as regras para as Forças Armadas foram
estendidas aos PMs e bombeiros, categorias incorporadas ao texto principal pelo
relator a pedido de integrantes da comissão especial. A principal reivindicação
foi atendida, e os militares estaduais asseguraram a integralidade e a
paridade, vantagem que já havia deixado de existir em alguns estados, como o
Espírito Santo.
As principais diferenças entre militares federais e
estaduais ficaram nas regras de transição. Conforme o original do Executivo, os
atuais integrantes das Forças Armadas terão de cumprir pedágio de 17% em
relação ao tempo que faltar, na data da sanção da futura lei, para atingir o
tempo mínimo de serviço de 30 anos, que é a exigência em vigor hoje para esse
grupo.
A mesma regra valerá para os PMs e bombeiros, que atualmente
têm de cumprir os 30 anos de serviço, como ocorre na maioria dos estados e no
Distrito Federal. Mas o relator Vinicius Carvalho concordou em amenizar essas
regras de transição desse grupo, e a contagem do tempo que faltar começará
somente a partir de 1º de janeiro de 2021. Ainda será possível averbar até
cinco anos de serviço anterior.
Já para outra parte dos PMs e bombeiros, que atualmente
precisam cumprir tempo de serviço de 25 anos – como é o caso de mulheres em
alguns estados e os da ativa no Rio de Janeiro e no Acre –, o relator propôs
outro tipo de pedágio, que nesse caso será acrescido ao tempo mínimo de
atividade militar de 25 anos que faltar em 1º de janeiro de 2021. Haverá limite
de até 30 anos nesse quesito.
Além disso, o parecer do relator também proíbe até 2025 a
mudança, por meio de lei ordinária, nas alíquotas da contribuição a ser paga
pelos PMs e bombeiros e por pensionistas para os respectivos sistemas de
proteção social.
Deputados que representam PMs e bombeiros divergiram.
Capitão Augusto (PL-SP) disse que houve vitória, já que as categorias deixarão
a esfera de governança dos estados e do DF. Subtenente Gonzaga (PDT-MG) afirmou
que não há motivo para comemorar. Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e Celina Leão
(PP-DF) ressaltaram a manutenção de vantagens para as mulheres militares de
todo o País.
Reestruturação
O relator Vinicius Carvalho também manteve inalterada a
maior parte do texto original do Poder Executivo que trata da reestruturação
das carreiras das Forças Armadas. Uma das ideias é ampliar o efetivo de
temporários (hoje 55% do total) e elevar parcelas que incidem sobre o soldo, a
remuneração básica.
O parecer do relator indica que alguns militares terão
reajuste superior a 40% na remuneração bruta. Segundo o Ministério da Defesa, o
valor líquido subirá 22,7% para o subtenente (ou suboficial) com curso de
aperfeiçoamento e 30,9% para o coronel (ou capitão-de-mar-e-guerra) com curso
de Altos Estudos I, considerados, na prática, o final da carreira em nível
técnico e superior, respectivamente.
Ainda segundo o Ministério da Defesa, a proposta estimula a
meritocracia e é autossustentável. O Ministério da Economia estima, como saldo
líquido, que a União deixará de gastar R$ 10,45 bilhões em dez anos. A reforma
da Previdência dos civis (PEC 6/19) economizará mais de R$ 800 bilhões nesse
mesmo período.
Tramitação
Dos destaques que serão votados na próxima terça-feira, três
(de Psol, DEM e Solidariedade) são idênticos. Pretendem estender a gratificação
de representação para qualquer militar, variando de 5% a 15% conforme posto ou
graduação, e definem percentuais fixos para o adicional de habilitação. O
quarto destaque, do Novo, pretende evitar a majoração dos percentuais do
adicional de habilitação.
Como o PL 1645/19 tramita em caráter conclusivo, o texto
final aprovado pela comissão especial poderá seguir diretamente para o Senado
Federal, a menos que haja recurso, com pelo menos 51 assinaturas, para análise
do Plenário da Câmara dos Deputados. PSB e Psol já anunciaram essa intenção, e
o PT desistiu.