domingo, 20 de outubro de 2019

Confira o que pode mudar nas carreiras públicas federais


Jornal Extra     -     20/10/2019




Reforma administrativa: confira o que pode mudar nas carreiras públicas federais

O Executivo Federal deve enviar em breve ao Congresso a proposta de reforma administrativa. Mesmo diante de incertezas, é possível afirmar que o objetivo é cortar custos, principalmente, a despesa com pessoal. Isso pode afetar cerca de 620 mil servidores ativos. A intenção é reduzir o número de carreiras, que hoje são 117, e o salário inicial dos cargos, e, ainda, implementar a redução salarial caso a jornada de trabalho diminua.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já demonstrou que discorda desse último ponto, no entanto, tramita na Câmara dos Deputados a “PEC da Regra de Ouro”, proposta de emenda à Constituição que prevê redução salarial caso o governo estoure o teto de gastos.

A promoção automática do servidor também deve acabar. E há a discussão do fim da estabilidade para alguns cargos — um dos pontos mais polêmicos. O Ministério da Economia vem analisando reformas de outros países, como Grã-Bretanha, Portugal, Chile, Argentina, Canadá e Estados Unidos, e observa os estudos do Banco Mundial e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Uma reforma desse porte, por efeito-cascata, ainda pode atingir os outros Poderes da União e também os estados e municípios, já que todos os cofres públicos sentem o peso da crise financeira do país.

Entidades de classes e parlamentares se uniram na Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, que lançou um estudo para esclarecer argumentos considerados equivocados sobre os servidores públicos. O grupo vai se encontrar com técnicos da equipe econômica do governo esta semana.

— Essa reforma não vai acontecer sem prejudicar o trabalhador. Nós vamos munir as categorias com informação para saberem o que está em jogo. A gente já vem participação de audiências públicas e estamos mostrando um outro lado do serviço público, o lado da excelência — disse Rudinei Marques, presidente do Fonacate, forum que reúne representações de servidores federais.

O presidente da frente, deputado federal Israel Batista (PV-DF) disse que vai defender o direito da estabilidade através da constientização dos outros parlamentares.

— Hoje o maior custo do serviço público é a ineficiência. Nos causa espanto a contratação sem serviço público. O Brasil começou a enfrentar o fantasma do apadrinhamento na década de 40 e o concurso público mantém essa democratização de acesso. A reforma está sendo desenhada por empresas externas, ligadas a bancos, e precisamos resguardar o Estado — criticou.

Progressão automática

A progressão por tempo de carreira e a falta de igualdade entre os salários dos servidores dos Três Poderes são fatores que podem ser modificados a fim de melhorar a administração pública. Essa é a visão do especialista em direito constitucional e administrativo Manoel Peixinho.

— Há promoções que levam em conta exclusivamente o tempo de serviço e desprezam uma avaliação de desempenho. E é injusto que servidores do Legislativo e do Judiciário ganhem mais do que os...



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