Veja - 13/12/2019
Em meio à resistência a mudanças nas áreas tributária e
administrativa, o ministro parte para uma estratégia alternativa para implantar
seu plano liberal
A transformação de um país leva tempo. Como uma obra de
engenharia, ela é feita tijolo a tijolo, em um processo que exige paciência e
resiliência. Ao reformar o Estado brasileiro, Paulo Guedes, ministro da
Economia, tem sentido na pele as dificuldades de tocar tamanha empreitada.
Enfrenta a resistência da classe política, dos grupos corporativistas e, não
raras vezes, do próprio governo. Não poderia ser diferente. No caso da
aprovação da reforma da Previdência uma infinidade de interesses foi
confrontada. O Congresso modificou o projeto inicial para acomodar demandas e o
próprio presidente Jair Bolsonaro cedeu diante das reclamações de militares e
policiais.
Mesmo assim, o
resultado final foi satisfatório e seus efeitos já são palpáveis no início de
recuperação da economia e na boa receptividade internacional das medidas. Na
quarta-feira 11, a agência de risco americana Standard & Poor’s, a primeira
a confiscar o grau de investimento do país, em 2015, elevou sua perspectiva
para a nota de crédito do Brasil de estável para positiva, um sinal inconteste
de credibilidade. Romper com estruturas fossilizadas pela ineficiência, pelos
privilégios e pelo desperdício implica desalojar e desagradar um contingente
imenso de beneficiários.
E, quanto mais exposto o embate, maior o esforço a ser
empreendido. Uma das críticas que a equipe econômica recebeu logo depois da
reforma da Previdência foi de não aproveitar o embalo para aprovar as reformas
administrativa e tributária. Houve um recuo, sim, em razão das agitações
políticas na América Latina. Mas o fato é que Guedes e sua turma não estão
parados esperando os inimigos se desmobilizarem. Longe dos holofotes, do
funcionalismo militante e da barganha política, eles têm implementado uma
agenda silenciosa, atacando frentes decisivas para tornar o Estado brasileiro
mais moderno e eficiente.
Nas profundezas da administração pública, ganha contornos
cada vez mais concretos o projeto batizado de Governo Digital, algo que pode
revolucionar a máquina estatal. Desde o início do ano, 503 atividades que antes
eram realizadas pela turma do carimbo e das certidões migraram para o...
Leia a íntegra em A reforma silenciosa de Paulo Guedes para revolucionar a máquina federal