BSPF - 08/12/2019
Quantidade de servidores cresce, mas a expansão foi similar
ao setor privado
Estudo do Ipea mostra que o funcionalismo público cresceu no
Brasil de 1986 a 2017, impulsionado principalmente nos municípios
O estudo Três Décadas de Evolução do Funcionalismo Público
no Brasil (1986-2017), divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), revela que, em 2017, foram gatos R$ 750,9 bilhões com servidores
ativos, o que corresponde a 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das
riquezas do país). Em 32 anos, o funcionalismo no Brasil se ampliou em 123%: o
número de vínculos subiu de 5,1 milhões para 11,4 milhões. No entanto, de
acordo com o levantamento, apesar do crescimento expressivo, a expansão foi
similar à do mercado de trabalho formal do setor privado (alta de 95% no total
de vínculos).
De acordo com o pesquisador Félix Lopez, a média dos
salários dos federais é de R$ 7 mil, dos estaduais, em torno de R$ 3 mil, e dos
municipais, de cerca de R$ 2 mil. Apenas um em cada 10 servidores é da esfera
federal. O aumento do funcionalismo, de acordo com a série de dados, está
concentrado nos municípios. No período estudado, o número de vínculos municipais
aumentou 276%, enquanto os estaduais tiveram alta na quantidade de 50% e os
federais (incluindo civis e militares), 28%. No caso dos municipais, 40% dos
profissionais estão nas áreas de educação ou saúde: professores, médicos,
enfermeiros e agentes de saúde.
Em 2017, como ficou provado pelo estudo, aponta Lopez,
persistia discrepância na remuneração dos três níveis federativos. Apesar de
representarem 60% do setor público, os municipais ganhavam em média três vezes
menos que os federais. Na comparação entre os três poderes, o Judiciário tem
salários cinco vezes maiores que o Executivo, na média.
Mulheres
A participação da mulher no mercado de trabalho avançou nos
32 anos, de acordo com a análise da série histórica, embora elas continuem
ganhando menos que os homens, em todos os níveis. Uma explicação possível para
tal situação é a probabilidade de que elas estejam predominantemente em
ocupações com menor remuneração (respondem pela maior parte das vagas nas áreas
de saúde e educação). A média salarial dos homens era de 17,1% superior à das
mulheres em 1986, diferença que subiu para 24,2%, em 2017.
Escolaridade
O levantamento mostrou também que houve aumento na
escolaridade dos servidores, em todos os níveis. Em 2017, 47% deles tinham
nível superior completo. Em 1986, eram 19%. Os dados estão no Atlas do Estado
Brasileiro, uma plataforma interativa com dados sobre a estrutura e a
remuneração no serviço público federal, estadual e municipal, nos Poderes
Executivos, Legislativo e Judiciário.
“A nova versão do Atlas tem a maior série histórica de
remuneração do setor público nesses 32 anos. E não é apenas uma atualização da
plataforma. Há novos dados, além de mudança no layout e na usabilidade da
ferramenta, que possibilitar uma análise mais detalhada do setor público no
país”, afirmou o pesquisador.
Fonte: Blog do Servidor