Congresso em Foco
- 14/02/2020
O presidente Jair Bolsonaro anunciou que vai entregar na
próxima semana a proposta do governo para a reforma administrativa. Quando
chegar à Câmara, o texto enfrentará uma oposição anunciada, a da Frente
Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, composta por 235 deputados e 9
senadores. Para evitar mudanças como o fim da estabilidade e a redução de
salários, o presidente da frente, Professor Israel (PV-DF), aposta na batalha
da comunicação.
O Congresso em Foco teve acesso, em primeira mão, a uma
cartilha que o grupo distribuirá entre os demais parlamentares para contestar a
necessidade de uma reforma dessa natureza (veja a cartilha). Para o líder da
frente, o governo erra ao tornar em vilões os servidores públicos.
Em seu primeiro mandato na Câmara, Professor Israel avalia
que o governo errou em sua estratégia com reforma e tenta transferir a
responsabilidade pela mudança nas regras do serviço público para o Congresso.
“O que está embarreirando é o fato de que os congressistas não vão aceitar
levar essa reforma nas costas. Não vão aceitar que seja uma reforma do
Congresso. Vão querer que o governo bote suas digitais. O trabalho dos
governistas será pesado”, disse.
Para ele, os recentes “deslizes” do ministro da Economia,
Paulo Guedes, dificultam a aprovação da reforma, sobretudo em ano eleitoral.
“Os congressistas estão ressabiados com a possibilitar de votar agora. Guedes
comete equívocos que tensionam mais a situação. Eu, que sou contra a reforma,
acho ótimo isso. Ele só piora o clima político”, afirmou o deputado, em alusão
à comparação feita pelo ministro entre servidores e parasitas e a referência às
empregadas domésticas ao comentar sobre a alta do dólar.
Na avaliação de Israel, o governo é imprudente ao tentar
transformar os servidores públicos em vilões. “As pessoas atingidas se sentem
em uma campanha de vingança. Elas são a ponta do serviço público, o toque do
Estado no cidadão. Guedes tem imagem de revanchista, elitista e desastrado. É
um tiro no pé. O governo é a principal oposição a ele mesmo nesse caso”, diz o
deputado.
A Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público considera
inegociáveis ao menos dois pontos da reforma administrativa que o governo
pretende enviar na próxima semana ao Congresso: o fim da estabilidade e a
possibilidade de redução de salário, já prevista numa proposta de emenda
constitucional em tramitação na Câmara.
Para o presidente da frente, nem a promessa do governo de
que as novas regras valerão apenas para os futuros servidores diminuirá a
resistência de parlamentares ligados às diversas categorias do funcionalismo.
Servidores traídos
Para Professor Israel, a estabilidade e a irredutibilidade
do salário são conquistas das quais os servidores não podem abrir mão, nem
mesmo para os futuros colegas. "Não adianta falar que é para os servidores
públicos, que eles não se acalmam. Para esse pacote que vem não dá pra conceder
apoio. Pode ser uma reação bastante dura. Governo errou no início da...
Leia a íntegra em Frente parlamentar se arma contra reforma que atingirá servidor público