Correio Braziliense
- 12/02/2020
Declarações de Guedes e desinteresse de parlamentares podem
fazer o Executivo desistir de encaminhar proposta. Líderes do governo, porém,
garantem que o texto será enviado
Sem sinais encorajadores por parte do Congresso, o governo
ensaiou, pelo menos por agora, recuar da ideia de enviar ao parlamento a
reforma administrativa, prometida desde o ano passado. O desânimo do Executivo
é, em parte, reação à falta de interesse dos parlamentares, que preferem evitar
mais um tema impopular depois do desgaste com a reforma da Previdência. A
vontade do governo ficou ainda menor após novos ataques do ministro da
Economia, Paulo Guedes, aos funcionários públicos, o que pode resultar em novo
adiamento no envio da proposta, caso ela prospere.
Além disso, desde o começo do ano, deputados e senadores
alegam que, às vésperas das eleições municipais, não é um bom momento para
mudar as regras do serviço público, especialmente quanto ao fim da
estabilidade. O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO) disse,
porém, que ainda é muito cedo para falar sobre os próximos passos da reforma
administrativa. “Eu não daria o caso como encerrado”, afirmou. Para ele, o que
aconteceu foi mais um ajuste de timing político, que provocou outro adiamento
do envio. Afinal, diante do desgaste gerado por Guedes, não fazia sentido
encaminhar a matéria. “Nesta semana, não tem clima. Mas daqui a uma ou duas
semanas... Eu não apostaria na desistência”, afirmou Gomes.
Por sua vez, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra
Coelho (MDB-PE), negou a possibilidade de recuo e reafirmou, nesta terça-feira
(11/2), que a intenção ainda é levar o assunto ao parlamento. Segundo o
senador, a equipe econômica até cogitou a possibilidade de que as diretrizes
fossem incluídas em alguma proposta de emenda à Constituição (PEC), já em
andamento no Congresso, para acelerar a tramitação, mas a ideia acabou
descartada.
Bezerra ressaltou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), prefere que o governo apresente a proposta. Na quinta-feira passada,
o deputado disse que a condução das reformas não pode ficar “nas costas do
parlamento”. Em geral, deputados e senadores comentam que o ônus de levantar o
assunto, bastante impopular, deve ser do Executivo. E, se o governo não assumir
o risco, não haverá reforma administrativa neste...
Leia a íntegra em Governo decide que não vai enviar a reforma administrativa ao Congresso