Terra - 31/03/2020
Ideia de redução salarial para ajudar no combate ao
coronavírus já circula no Congresso; para funcionalismo, taxar grandes fortunas
é mais eficiente
Brasília - As discussões sobre corte de salário do
funcionalismo para dar fôlego ao setor público em tempos de coronavírus levaram
os servidores a reagir. Sindicatos e entidades de classe tentam organizar o
discurso e intensificaram o "corpo-a-corpo" com parlamentares -
virtual e por telefone, respeitando o isolamento social.
O argumento dos representantes das categorias é que o corte
de salário não foi adotado em nenhum país do mundo e que tem pouco impacto
financeiro. Além disso, citam a criação de um imposto sobre grandes fortunas
como alternativa mais viável para aumentar a arrecadação federal.
Segundo o Estadão/Broadcast apurou, o corte de salários dos
servidores vem sendo discutido dentro do "pacote" de auxílio aos
Estados e dependerá da evolução das discussões. Entre os pedidos apresentados
por secretários estaduais de Fazenda ao governo federal está a redução de
despesas obrigatórias, sendo a principal a folha de pagamento.
Diante da possibilidade que o governo deve dar para que
empresas afetadas pela crise suspendam contratos temporários ou reduzam a
jornada e o salário dos empregados da iniciativa privada, o presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu "a contribuição de
todos os Poderes", incluindo o funcionalismo público.
"Não basta o presidente da República adotar posturas na
qual o Brasil se isola do ponto de vista internacional, uma medida como essa
seria um caso único no planeta hoje", afirma o presidente do Fórum
Nacional Permanente de Carreiras de Estado (Fonacate), Rudnei Marques.
Segundo ele, muitos servidores estão atuando no combate à
epidemia, diretamente, como os funcionários da saúde e segurança, e também
indiretamente. "É a Receita desembaraçando máscaras, a diplomacia tentando
repatriar brasileiros presos em outros países. Por mais que o ministro Guedes
tenha descaso pelo serviço público, são os parasitas que neste momento têm de
resolver as coisas", afirmou.
Os sindicalistas ressaltam ainda que poucas categorias do
funcionalismo estão paradas por causa do isolamento imposto pela pandemia e que
muitas categorias continuam trabalhando em...