Agência Brasil
- 23/06/2016
A Polícia Federal (PF) cumpriu, nesta quinta-feira (23),
oito mandados de prisão preventiva como parte da Operação Custo Brasil. A 6ª
Vara Criminal Federal em São Paulo havia ordenado a prisão de 11 acusados de
envolvimento em um esquema de fraudes no contrato para gestão de empréstimos
consignados no Ministério do Planejamento, mas um deles, o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto, já estava preso em Curitiba, e dois, que não tiveram os nomes
divulgados, não foram encontrados.
Está prevista para as 18h de hoje a chegada de seis dos
presos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, de onde
devem ser encaminhados para a Superintendência da PF na capital paulista. Entre
eles, está o ex-ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão Paulo Bernardo.
Dois acusados já estão na carceragem da PF, na Lapa. Um deles é o secretário
municipal de Gestão de São Paulo, Valter Correia da Silva.
Também foram cumpridas hoje 11 ordens de condução judicial,
das 14 que foram concedidas. Em três casos, as pessoas citadas não foram
encontradas.
O Ministério Público Federal e a PF avaliam que foram
desviados mais de R$ 100 milhões do sistema de gestão de crédito consignado do
Ministério do Planejamento no período de 2010 a 2015.
De acordo com as investigações, agentes públicos e políticos
recebiam pagamentos ilegais a partir do contrato feito com a empresa Consist
Software para gerir o crédito consignado – empréstimos com desconto em folha –
para servidores públicos federais. Os serviços da empresa eram custeados por
uma cobrança de cerca de R$ 1 de cada um dos funcionários públicos que aderiam
a essa modalidade de crédito. O inquérito indica que. desse montante, 70% eram
desviados para empresas de fachada.
A Operação Custo Brasil foi desencadeada após depoimentos de
delação premiada do ex-vereador de Americana, em São Paulo, Alexandre Romano.
Segundo as investigações, Romano tinha um grupo de empresas
em seu nome e de parentes próximos que eram usadas para ocultar a origem do
dinheiro desviado do contrato com a Consist e fazer pagamentos em benefício do
PT. Em contrapartida, o ex-vereador ficaria com cerca de 20% dos valores
movimentados pelas empresas de fachada.
Paulo Bernardo
De acordo com as denúncias, a partid dos contratos falsos,
os recursos chegavam aos destinatários finais, entre eles o ex-ministro Paulo
Bernardo, preso na manhã de hoje em Brasília.
“O dinheiro sempre saia da Consist, a empresa envolvida, era
repassado aos parceiros, que eram esses operadores da lavagem de dinheiro, que
eram empresas, em muitos casos de fachada. Não havia prestação de serviço. Em
muitos casos, simulava-se prestação de serviços. Esse dinheiro chegava aos
parceiros e era, então, distribuído para os destinatários finais. Na ponta da
cadeia sempre estavam esses agentes políticos e públicos”, detalhou o
procurador Andrey Borges de Mendonça.
Secretário municipal
O procurador disse que um dos presos, o secretário municipal
de Gestão de São Paulo, Valter Correia da Silva, atuou para que os desvios
continuassem a ocorrer e recebeu um percentual dos recursos ilícitos. “O
secretário de Gestão de São Paulo tinha um cargo em uma das secretarias no
ministério responsável pela renovação dos acordos de cooperação técnica. Ou
seja, o senhor Valter era a pessoa responsável por manter o esquema em vigor”,
enfatizou Mendonça.
Correia foi secretário de Gestão do Ministério do
Planejamento de 2005 a 2007. De fevereiro de 2011 a novembro de 2012, ocupou a
Secretaria Executiva Adjunta e, de novembro de 2012 e fevereiro do ano passado,
chefiou a Assessoria Especial para Modernização da Gestão da pasta. Em março de
2015, foi convidado para trabalhar com o prefeito de São Paulo, Fernando
Haddad.