sexta-feira, 29 de maio de 2009

Além de diploma, salário bom e planos de carreira

Autor(es): Paloma Oliveto
Correio Braziliense - 29/05/2009

Especialistas dizem que plano de formação de professores lançado pelo governo não é suficiente para resolver problemas do ensino público

Embora reconheçam a importância de um projeto para incrementar a qualificação dos professores, especialistas em educação alertam que somente um diploma não vai conseguir tirar o ensino público da crise em que se encontra. “Sem a perspectiva de um plano de carreira e de um salário digno, os melhores alunos do ensino médio não vão querer exercer o magistério”, alerta Mozart Neves Ramos, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e atual presidente executivo do Movimento Todos pela Educação. Ele participou ontem do lançamento oficial do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Educação, Fernando Haddad. O plano prevê a criação de 330 mil vagas em universidades públicas para professores que não têm curso superior, licenciatura, ou dão aulas em disciplinas de cursos diferentes daqueles nos quais se formaram. “A variável da qualificação é importante, mas não é a única. Se nem o piso salarial os estados e municípios querem pagar, a carreira vai continuar pouco atraente”, diz Roberto Leão, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Ontem, o presidente Lula assinou uma portaria determinando que a União complemente o salário de R$ 950 nos estados que não tiverem condições de arcar com o valor. “Em 2008, mais de um terço dos professores ganhavam menos de R$ 950. Hoje, 37% da categoria já recebe esse valor. Apesar de insuficiente, é um avanço”, diz Haddad. No ano que vem, todos os estados e municípios deverão adotar o piso. Além dos baixos salários, Mozart Neves Ramos destaca a falta de preparo das universidades na formação dos professores. “Se não mudar a cabeça dos professores que dão aula nas licenciaturas, esse plano não vai funcionar”, alerta. Segundo ele, os alunos chegam aos cursos muito despreparados e não encontram suporte nos bancos das faculdades para melhorar seu desempenho. Mozart dá aulas de química e física na Federal de Pernambuco e conta que foi preciso implementar uma disciplina com noções básicas, de assuntos sobre os quais os egressos do ensino médio já deveriam dominar. “Mas meus colegas doutores não querem dar essa disciplina”, critica. Para o especialista, as licenciaturas precisam ser mais valorizadas dentro do ambiente acadêmico. Além do plano de formação de professores, o presidente Lula assinou uma portaria estabelecendo que o Tesouro vai pagar os plantões dos médicos nos hospitais universitários federais. Essa é uma das principais demandas dos reitores. Atualmente, há um déficit de 30 mil profissionais nessas unidades de saúde.
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