sábado, 6 de agosto de 2011

Dirceu, o grande aparelhador do Estado, agora defende a meritocracia. E eu concordo com ele — de novo!


Blog de Ricardo Setti      -     06/08/2011




Amigos, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu precisa parar com essas coisas. Caso contrário, mesmo a contragosto, vou continuar concordando com ele, o principal réu do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, a quem critiquei provavelmente centenas de vezes neste blog.

Dias atrás, contrariando manobras do próprio Lula, que está querendo “melar” a realização de prévias para a escolha do PT a prefeito de São Paulo, preferindo o “dedaço” – apontar seu eleito particular, o ministro da Educação, Fernando Haddad –, Dirceu fez uma enfática defesa da democratização da escolha de candidatos pelo PT. Achei corretíssimo.

Agora, mal acreditando no que li e ouvi, Dirceu defendeu algo que desmontaria o esquema de aparelhagem do Estado pelo PT do qual ele próprio foi grande patrocinador enquanto esteve no poder: acabar com a história de nomear para “cargos de confiança” pessoas que não pertençam aos quadros do funcionalismo. Dos estimados 30 mil cargos de confiança existentes na máquina federal – seis vezes do que ostenta os Estados Unidos, país mais rico do mundo –, Dirceu propôs que apenas 2 mil fossem preenchidos por livre nomeação. E pregou que os demais passem a ser ocupados por servidores de carreira, que hajam ingressado no serviço público por concurso. Ou seja, argumentou em favor da meritocracia, que em geral causa ojeriza aos companheiros petistas e que o lulalato deixou completa e totalmente de lado.

A mim pareceu um milagre. Escrevo a esse respeito há muitos anos, e sempre defendi o concurso público e a designação de funcionários de carreira para os chamados “cargos de confiança” como o mais simples, transparente e eficaz meio de evitar dois males tenebrosos do Estado brasileiro: o nepotismo e o aparelhamento partidário-ideológico.

Sempre defendi, e escrevi, que a “confiança” do cargo não tem a ver com o chefe que nomeia, mas com o público a quem o servidor serve.

Dirceu, de repente, de grande aparelhador, se transformou em defensor de uma medida altamente louvável – não porque eu a defenda e a tenha defendido no passado, é claro, mas porque é o que pregam gestores públicos sensatos em qualquer país do mundo.

O que está por trás da nova postura de Dirceu, não tenho a menor ideia do que seja.

Mas o velho estalinista maquiavélico, seja por que razão for, apontou na direção correta.

Portanto, tenho que concordar com ele. Fazer o quê?…





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