Por Carlos Chagas
Claudiohumberto.com.br -
04/09/2011
No fim, sofrerão os
mesmos de sempre, quer dizer, a imensa maioria de trabalhadores que
precisam valer-se das políticas públicas
de Educação, Saúde e erradicação da miséria. Nenhuma novidade flui desse
bate-cabeça entre os três poderes, em se tratando de suas consequências.
O Judiciário exige reajuste que o Executivo não pode dar. O Executivo lava as
mãos e condiciona o reajuste a cortes na Educação, Saúde e combate à
miséria. O Legislativo remaneja recursos
de programas sociais e atende o Judiciário.
Quem perdeu? Nenhum dos três, até
porque o aumento concedido aos integrantes do Judiciário em quinze minutos se estenderá aos altos
membros do Executivo e do Legislativo.
Perderá o povão, abandonado nas filas de hospitais e postos
de saúde, assistindo suas crianças
submetidas à falta de escolas ou a lamentáveis e precárias instituições
que não educam. Quanto à miséria,
continuará igual, se não aumentar.
Com todo o respeito, mas a mensagem suplementar da presidente Dilma representou
uma aula explícita de cinismo. Sua Excelência lavou as mãos, sugerindo ao
Congresso retirar recursos das políticas
sociais para atender as reivindicações dos tribunais. Deputados e senadores votarão
eximindo-se de culpa, alegando atender à imperiosa sugestão. Ministros, desembargadores e juízes
concluirão que, reajustados em níveis
bem superiores à inflação, estarão
contribuindo para o aprimoramento da Justiça.
Quanto à população carente, que se dane. Pagará a conta, mais uma vez.
Teria saída, esse nó? Seria possível o Executivo encontrar recursos para atender o Judiciário,
apelando para o Legislativo?
Sem a menor dúvida.
Bastaria o palácio do Planalto enviar ao Congresso, sem que o Supremo Tribunal
Federal obstasse, projetos estabelecendo amplos percentuais de taxação do lucro
dos bancos e das especulações
financeiras. Cobrando imposto de renda do capital-motel, aquele que
chega do estrangeiro de tarde, passa a noite e vai embora de manhã, depois de
haver estuprado um pouquinho mais nossa economia. Que tal taxar para valer as
terras improdutivas? Ou criar o imposto sobre grandes fortunas?
Desse elenco certamente incompleto emergiriam montes de recursos para remunerar melhor os três poderes,
além de irrigar investimentos
sociais. Enquanto isso, o partido talhado para realizar tais objetivos
prefere desagravar José Dirceu e propor
o controle do conteúdo da mídia...