Blog do Noblat
- 09/10/2011
Roberto Maltchik, O Globo
A mais alta esfera do Poder Judiciário, representada por
cinco tribunais superiores, tem em Brasília mais seguranças e vigilantes que a
Polícia Federal consegue manter nas fronteiras do país.
Nos 15,7 mil quilômetros limítrofes, a PF tenta combater a
passagem de armas e drogas, além de frear o contrabando, com um grupo que varia
entre 900 e mil agentes. Nos tribunais, um batalhão de 1.211 vigilantes e
seguranças cumpre uma missão bem menos engenhosa: garantir a proteção de 93
ministros e o controle do entra-e-sai nos prédios do Supremo Tribunal Federal
(STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Superior Tribunal Militar
(STM).
São 13,2 guardas para cada um dos brasileiros que alcançaram
o topo da pirâmide da magistratura. Quadro avesso ao do Fórum de São Gonçalo,
onde trabalhava a juíza Patrícia Aciolly, executada com 21 tiros sem que ao
menos um guarda estivesse ao seu lado.
Número que supera até mesmo a tropa de 969 vigilantes
contratados para cuidar do cofre do Tesouro: as nove diretorias e a sede do
Banco Central na capital federal.
A elite do Judiciário ainda conta com um batalhão de 386
recepcionistas, 287 motoristas e 271 copeiros e garçons. Há também casos peculiares,
como os 14 lavadores de carros do STJ e o grupo de cinco contratados para
limpar as áreas envidraçadas do TST.
Em quase 100% dos casos, são contratos de terceirização
firmados com empresas especializadas em destinar pessoal à administração pública
no Distrito Federal.
Grupos que acumulam lucros para cada funcionário cedido. E,
de acordo com um alto servidor do Judiciário, servem de catapulta para que
parentes de servidores ou amigos de operadores do Direito abocanhem uma vaga
junto ao poder.